A LÍNGUA LADINA DOS JUDEUS DA PENÍNSULA IBÉRICA


PORTUGAL-BELMONTE-MUSEU JUDAICO

O judeu-espanhol ou ladino é uma língua semelhante ao castelhano. Estima-se que ainda é falado por cerca de 150 mil indivíduos em comunidades sefarditas em Israel, nos Balcãs, Oriente Próximo e norte de Marrocos; também é conhecida como espanhol sefardita e judeoespanhol (el judesmo).

Língua extinta da Península Ibérica. No passado, quando havia grandes comunidades judaicas nas cidades de Portugal e de Espanha, foi a língua usada pelos judeus desses países: uma mistura de palavras hebraicas de seu dia a dia com a língua da região onde habitavam, que podia ser o castelhano, o português, o árabe ou até mesmo o catalão. Não era um idioma muito diferente do falar de seus vizinhos cristãos ou muçulmanos.

A língua judeu-espanhola se desenvolveu por vários séculos separada por completo da mãe pátria (Sefarad, Península Ibérica), com a qual não conservou mais que escassos e esporádicos contatos. Foi a língua dos judeus sefarditas nas cidades da Europa oriental (na Bósnia, Sérvia, Macedônia, Grécia, Bulgária, Romênia e Turquia) onde viviam alguns milhares, descendentes dos judeus espanhóis expulsos da Espanha em 1492, e de Portugal logo depois, que encontraram asilo no Império Turco. Contudo, a maioria desses judeus era mesmo procedente de terras de Espanha.

Estes judeus (muitos morreram durante a Segunda Guerra Mundial, como conseqüência das perseguições nazistas), tem conservado até hoje sua língua, que a despeito das múltiplas inovações devido sobretudo à forte influência dos povos junto aos quais habitaram, corresponde admiravelmente ao espanhol do período clássico (como a conservação da letra f, da distinção entre a s surda e sonora e entre a z surda e sonora, e a conservação do valor sh para x e j).

O judeu-espanhol, especialmente o usado nos livros religiosos, é conhecido também como ladino, significando o verbo enladinar “traduzir ao espanhol” (especialmente textos hebreus e árabes). O fato de que no Cantar del Cid se fale um mouro latinizado mostra que naquele tempo ladino queria dizer espanhol, em oposição ao árabe e a outras línguas estrangeiras. Restam seqüelas disto, assim mesmo, nos vários sentidos especiais assumidos pela palavra ‘’ladino’’ nas Américas Central e do Sul.

Uma das grandes obras dos judeus sefarditas foi a tradução do Antigo Testamento conhecida como Bíblia de Ferrara, editada por Jerónimo de Vargas e Duarte Pinel, espanhol e português respectivamente, em 1553 na cidade italiana de Ferrara.

Após a Segunda Guerra Mundial os emigrantes sefarditas se instalaram em Israel, nos Estados Unidos (sobretudo em Nova York e Los Angeles) e na América espanhola (Buenos Aires, Cidade do México, Caracas, San Juan etc.), enquanto um pequeno número iniciou seu retorno à Espanha. Alguns poucos foram para o Brasil, especialmente para Belém do Pará (marroquinos). Actualmente, o judeu-espanhol é utilizado unicamente pelos velhos nas comunidades sefarditas, não sendo transmitida às novas gerações. Muitos judeus sefarditas têm o ladino como sua língua materna (Yasmin Levy é um exemplo) porém seu uso se restringiu à infância, mais ou menos como é o caso do iídiche. Parece, então, provável que desapareça por completo no decorrer de algumas décadas, especialmente na Diáspora. Há já lugares em que os falantes de ladino não passam de umas poucas dezenas, como em Salónica ou em Belgrado, todos eles já bastante idosos.

Até o século XIX, se seguiu a inviolável tradição de se escrever o judeu-espanhol com um tipo de alfabeto hebreu (caracteres rashi), mas, a partir desta data, começou-se a incorporar à escrita o alfabeto latino, fazendo uso dos princípios de correspondência som-letra baseados na prática ortográfica francesa. Logo no início do século XX, manteve-se a publicação em judeu-espanhol de livros, revistas e jornais, mas na atualidade esta tradição já desapareceu quase por completo. Abaixo uma canção medieval judeu-espanhola:

"Avre este abajur, biju
avre la tu ventana
por ver tu kara morena
al Dió daré mi alma.
Por la puerta io pasi
y la topi cerrada;
la iavedura yo besi
como besar tu cara.
No quiero más que me avlesh
ni por mi puerta pasesh;
más antes me keríash bien
angora te ielatesh.
Si tú de mí te olvidarásh,
tu ermozura piedrarásh.
Ningún ninyo te endenyará
en los mis brazos muerash."

Nota-se na mesma a característica alusão sefardita à divindade, Dió em lugar de Dios, como uma forma gramaticalmente enfática, ainda que ingênua, de atribuir a unicidade absoluta a Deus.

O judeu-espanhol conservou partes próprias do espanhol medieval final, onde se inclui elementos de pronúncia e vocabulário que na Espanha se perderam ou se modificaram; por outro lado, introduziu novas características fonéticas e, sobretudo, novas entradas no léxico, que de nenhum modo encontraram caminho de volta à Península Ibérica.

Entre estas inovações pode-se assinalar um alto número de préstimos procedentes das línguas que o judeu-espanhol entrou em contato, sobretudo do grego e do turco, ainda que também de outras línguas balcânicas (búlgaro, romeno, servo-croata etc) e do árabe, especialmente do dialecto de Marrocos (o ladino falado ali, singular e visivelmente diferente dos outros ladinos, é conhecido como hakitía, ou ladino ocidental).

HUMOR EM TEMPO DE CRISE SÓ PODE SER HUMOR NEGRO

Um jovem diplomata português, em diálogo com um colega mais velho:

- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história.
Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo",que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da
Europa ocidental?

O embaixador sorriu:

- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.

- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?

- Nós descendemos dos que ficaram aqui...
chegada de vasco da gama no sul da india, vasco da gama e a chegada a india, vasco da gama na india, calecut

GANGUES DO MULTIBANCO - OS DE SETÚBAL JÁ FORAM DENTRO

Gangues do Multibanco. Os de Setúbal já foram dentro

Publicado em 01 de Julho de 2011 

Uma investigação recorde, o cruzamento de informações e carta verde aos responsáveis resultaram na detenção de dois grupos distintos.
Dois grupos de Setúbal foram detidos e vão ter pela frente o juiz Carlos Alexandre

RUI MINDERICO/lusa

Numa operação-relâmpago que decorreu durante todo o dia de ontem, a Unidade Nacional Contra-Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ) deteve dez jovens, dos quais sete estão fortemente indiciados por assaltos à rede multibanco e outros roubos.

Foi tal a rapidez em todo o processo que desde que foi registado o primeiro roubo a uma caixa Multibanco, em Maio, dois grupos - aparentemente sem ligações directas - de jovens com idades entre os 18 e os 30 anos foram apanhados em pouco mais de um mês. Não são responsáveis por todos os roubos do país, mas dos 22 assaltos que varreram Portugal de norte a sul, estes dois grupos são suspeitos de planear e executar (alguns falhados) mais de seis assaltos à rede ATM.

A minutos da comunicação do director da UNCT, Luís Neves, um último elemento ainda estava a chegar detido às instalações da PJ na Avenida José Malhoa, em Lisboa.

O i apurou que o sucesso desta investigação e operação passou em grande parte pela disponibilidade dos inspectores e coordenadores, que tiveram neste caso um forte apoio do director daquela unidade nacional.

A esmagadora maioria destes jovens são oriundos do Bairro da Bela Vista, Setúbal, e estão implicados, além dos assaltos aos multibancos, em roubos com violência. Um deles foi identificado como o responsável por um assalto a uma dependência bancária. Posteriormente, os elementos da UNCT vieram a perceber que havia relação entre este detido e outros implicados nos assaltos aos ATM.

Luís Neves realçou o facto de a maioria das tentativas de assalto não ter tido sucesso. O director da PJ alertou para a perigosidade dos métodos de assalto (gás e explosivos), que acabaram por não ter o sucesso desejado pelos assaltantes.

As investigações estão a ser coordenadas pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), uma vez que os roubos ocorreram em distritos judiciais diferentes.

Com esta operação e outras detenções a norte, apenas um gangue que actua no Centro do país ficou por apanhar. Precisamente o mais organizado e aquele que logrou mais proventos nos assaltos.

Segundo um dos investigadores, quase todos jovens detidos têm antecedentes criminais por roubo e tráfico de droga, e uma enorme capacidade de se dedicarem a vários tipos de crimes.

Falta apanhar um dos gangues mais perigosos e organizados, que actua no Centro

ESTE MÉDICO DEVIA SER PRESO POR PERJÚRIO E O BUNGA-BUNGA DE BERLUSCONI

Silvio Berlusconi: Sexo cinco vezes ao dia

O médico do líder do governo italiano disse ao juiz que os 74 anos de Silvio Berlusconi não o impedem de ter sexo cinco vezes por dia. O governante é julgado por sexo com menores.
BENDITO VIAGRA!


 
O QUE TRAMOU BERLUSCONI

Cenas lésbicas, jogos eróticos e a três. São sete fotos das alegadas orgias de Silvio Berlusconi que voltam a encostar o primeiro-ministro italiano à parede.

As fotos foram encontradas em computadores e telemóveis apreendidos pelo Ministério Público a dezenas de mulheres durante a investigação ao primeiro-ministro italiano, acusado de ter pago para ter sexo com a menor Karima em Mahroug, conhecida por Ruby.

As imagens das conhecidas festas "bunga bunga" organizadas por Silvio Berlusconi foram publicadas pelo jornal italiano "L'Unita" e fazem parte das dezenas de provas que o Ministério Publico de Milão tem contra o "Cavaleiro".

As fotografias foram tiradas em três ocasiões diferentes, durante 2010: 12 de Julho, 23 de Agosto e 24 de Outubro. Nas imagens, captadas na luxuosa casa de Berlusconi, vêem-se jogos eróticos, cenas lésbicas e "menáges". Noutra foto é possível ver os pés do que será uma menor na cama, argumenta o Ministério Público de Milão.

Duas das raparigas mais fotografadas são Marysthell Garcia Polanco e Elena Morali. A mulher vestida de polícia é uma figura conhecida de um "reality show" italiano, Barbara Guerra, ex-namorada do avançado do Manchester City, Mario Balotelli.

Para os investigadores, as imagens mostram que não se trata de "uma reunião normal entre amigos", como defende Berlusconi, tampouco "actos sociais", como argumentam algumas das jovens.

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MOÇAMBIQUE - MÉDICOS DO MUNDAM CONTRATA COORDENADOR DE SAÚDE

MÉDICOS DO MUNDO CONTRATA COORDENADOR DE SAÚDE

LICENCIATURA EM MEDICINA OU ENFERMAGEM

Posto Coordenador de Saúde

Refª: PISTP/COORDSAUDE

TERMOS DE REFERÊNCIA

Perfil do Posto

Designação do Posto: Coordenador de Saúde dos Projectos “Prevenção e Controlo da Malária em Moçambique: Aumento do Acesso Universal através de Intervenções Comunitárias” e “Resposta da epidemia do HIV/SIDA em Moçambique através de parcerias efectivas entre Governo e Sociedade Civil”, estando ambos enquadrados na linha de financiamento do Fundo Global.

Localização do Posto: Nampula, Moçambique, residente na Ilha de Moçambique e com deslocações regulares para Mossuril e Monapo.

Tempo de duração do Posto: 2 anos (tempo de duração da primeira fase do projecto)

Relações Hierárquicas: O colaborador responderá directamente perante o Coordenador País, o Desk e Director de Ajuda Humanitária.

Descrição das funções do Posto: O Coordenador de Saúde irá exercer as suas funções no âmbito dos projectos “Prevenção e Controlo da Malária em Moçambique: Aumento do Acesso Universal através de Intervenções Comunitárias” e “Resposta da epidemia do HIV/SIDA em Moçambique através de
parcerias efectivas entre Governo e Sociedade Civil”. Ambos os projectos surgem na sequência do trabalho que MdM Portugal tem vindo a desenvolver em Moçambique e visam reforçar as estratégias apoiadas pelo Fundo Global na luta contra estas doenças ao nível nacional.

Tem como funções específicas:

• Responsável directo pelas equipas técnicas locais MdM;
• Assegurar a coordenação técnica na área dos programas de saúde, em particular nos referentes à malária e HIV/SIDA, e das actividades do projecto com os parceiros da organização;
• Acompanhar e actualizar regularmente os temas da malária e HIV/SIDA, com especial enfoque sobre os grupos de jovens, ao nível nacional e internacional;
• Identificar no quadro do projeto necessidades de formação contínua dos técnicos de saúde e dos activistas, implementar acções de formação em áreas relacionadas com malária e HIV/SIDA a nível clínico, de gestão de serviços e de saúde comunitária e ainda nos mecanismos de comunicação e de
organização comunitária;
• Participação na constituição, formação e supervisão da equipa técnica de suporte aos Cuidados Domiciliários;
• Assegurar a Supervisão formativa, com base em guiões apropriados, dos técnicos de saúde locais e dos voluntários de Cuidados Domiciliários durante as actividades;
• Colaborar com as autoridades locais de saúde na organização de campanhas de saúde;
• Apoiar na implementação de acções IEC de base comunitária (participação na elaboração dos programas, formação contínua de activistas, monitorização das actividades);
• Elaborar, em conjunto com a equipa técnica, ajudas de memória sobre malária e HIV/SIDA e o material IEC previsto pelo projecto;
• Ajudar o Coordenador de País na preparação de documentos, material de ensino e aprendizagem orientados para os diferentes grupos-alvo –autoridades locais, OCBs, Direcções Distritais, entre outros.
• Preparar os materiais didácticos e os documentos técnicos relevantes para a formação de Professores e alunos nas escolas em temas de malária e HIV/SIDA.
• Realizar a formação e a supervisão formativa, assim como a planificação de actividades de formação;
• Apoiar no controlo e monitorização da distribuição da cesta básica para Pessoas que Vivem com HIV/SIDA;
• Participar na formação, execução e análise de dados do estudo CAP vocacionado para os jovens.
• Elaborar, em colaboração com o Coordenador Projecto, os Relatórios Internos Mensais descritivos e Relatórios trimestrais para o financiador;
• Colaborar com o Coordenador de País nas restantes actividades em que seja solicitada a sua participação.

Competências e conhecimentos requeridos
- Capacidade de liderança e iniciativa
- Objectividade
- Capacidade de planificação e organização
- Capacidades interpessoais e de trabalho de equipa
- Capacidade de delegação de tarefas
- Capacidade de comunicação
- Capacidade de decisão e de resolução de problemas
- Compromisso com formação contínua
- Conhecimentos tecnológicos
- Profissionalismo

Competências e/ou experiência adquirida
- Formação académica em enfermagem ou medicina
- Experiência em ONG, nomeadamente em actividades de mobilização comunitária, será uma mais valia
- Bons conhecimentos de Excel e Word
- Fluente em português. Domínio do Inglês será uma mais valia

Envio de currículo e carta de motivação até 17 de Julho de 2011, para
florbelacordeiro@medicosdomundo.pt e
Andreia.oliveira@medicosdomundo.pt

Informamos que só responderemos às candidaturas que forem seleccionadas para entrevista. As entrevistas serão presenciais e realizadas na sede de MdM em Lisboa.

MARCELLO CAETANO E A REDUÇÃO DE VENCIMENTOS

Redução de vencimentos: um texto lúcido do Prof. Luis Menezes Leitão, da Faculdade de Direito de Lisboa, a fazer furor na blogoesfera...

Recordando Marcello Caetano.

por Luís Menezes Leitão

Fico perfeitamente siderado quando vejo constitucionalistas a dizer que não há qualquer problema constitucional em decretar uma redução de salários na função pública. Obviamente que o facto de muitos dos visados por essa medida ficarem insolventes e, como se viu na Roménia, até ocorrerem suicídios, é apenas um pormenor sem importância.
De facto, nessa perspectiva a Constituição tudo permite. É perfeitamente constitucional confiscar sem indemnização os rendimentos das pessoas.
É igualmente constitucional o Estado decretar unilateralmente a extinção das suas obrigações apenas em relação a alguns dos seus credores, escolhendo naturalmente os mais frágeis. E finalmente é constitucional que as necessidades financeiras do Estado sejam cobertas aumentando os encargos apenas sobre uma categoria de cidadãos. Tudo isto é de uma constitucionalidade cristalina. Resta acrescentar apenas que provavelmente se estará a falar, não da Constituição Portuguesa, mas da Constituição da Coreia do Norte.

É por isso que neste momento tenho vontade de recordar Marcello Caetano, não apenas o último Presidente do Conselho do Estado Novo, mas também o prestigiado fundador da escola de Direito Público de Lisboa. No seu Manual de Direito Administrativo, II, 1980, p. 759, deixou escrito que uma redução de vencimentos "importaria para o funcionário uma degradação ou baixa de posto que só se concebe como grave sanção penal". Bem pode assim a Constituição de 1976 proclamar no seu preâmbulo que "o Movimento das Forças Armadas [...) derrubou o regime fascista". Na perspectiva de alguns constitucionalistas, acabou por consagrar um regime constitucional que permite livremente atentar contra os direitos das pessoas de uma forma que repugnaria até ao último Presidente do Estado Novo.

Diz o povo que "atrás de mim virá quem de mim bom fará". Se no sítio onde estiver, Marcello Caetano pudesse olhar para o estado a que deixaram chegar o regime constitucional que o substituiu, não deixaria de rir a bom rir com a situação.

É ASSIM QUE FUNCIONA O MERCADO DE ACÇÕES

Amigo(a)s,

Como sei que são bons investidores no mercado de acções, aqui vai uma achega para perceberem melhor como tudo funciona. Como vêem, preocupo-me convosco.

Beijinhos e abraços

Osvaldo Picoito

Estava-se no Outono e os índios de uma reserva americana perguntaram ao novo chefe se o inverno iria ser muito rigoroso ou se, pelo contrário, poderia ser mais suave.

Tratando-se de um chefe índio mas da era moderna, ele não conseguia interpretar os sinais que lhe
permitissem prever o tempo. No entanto, para não correr muitos riscos, foi dizendo que sim senhor, deveriam estar preparados e cortar a lenha suficiente para aguentar um inverno frio.

Mas como também era um líder prático e preocupado, alguns dias depois teve uma ideia. Dirigiu-se à cabine telefónica pública, ligou para o Serviço Meteorológico Nacional e perguntou:

- O próximo inverno vai ser frio?

- Parece que na realidade este inverno vai ser mesmo frio, respondeu o meteorologista de serviço.

O chefe voltou para o seu povo e mandou que cortassem mais lenha. Uma semana mais tarde, voltou a falar para o Serviço Meteorológico:

- Vai ser um inverno muito frio?

- Sim, responderam novamente do outro lado, o inverno vai ser mesmo muito frio.

Mais uma vez o chefe voltou para o seu povo e mandou que apanhassem toda a lenha que pudessem sem desperdiçar sequer as pequenas cavacas.

Duas semanas mais tarde voltou a falar para o Serviço Meteorológico Nacional:

- Vocês têm a certeza que este inverno vai ser mesmo muito frio?

- Absolutamente, respondeu o homem, vai ser um dos invernos mais frios de sempre.

- Como podem ter tanto a certeza? perguntou o Chefe.

O meteorologista respondeu:

- Os índios estão a arrecadar lenha que nem uns doidos.

É assim que funciona o mercado de acções!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

SETÚBAL-RESTAURANTE SOCIAL

Setúbal inaugura "restaurante social" onde refeições custam entre zero cêntimos e um euro

Agência Lusa, Publicado em 29 de Junho de 2011


A paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, inaugura hoje um "restaurante social" que pretende "servir os pobres com dignidade", cobrando-lhes por cada refeição apenas o que possam pagar, até ao máximo de um euro por refeição.

O padre Constantino Alves disse à agência Lusa acreditar que esta solução "permite libertar os pobres da pobreza": "Dar refeições só contribui para alimentar o ciclo da pobreza. É preciso dignificar os pobres, afastá-los do estigma dos restaurantes para pobres e responsabilizar as pessoas pela sua própria sobrevivência", afirmou.

Este "restaurante social" vem substituir o serviço de distribuição de excedentes dos restaurantes que funcionou durante dois anos e meio e entregou cerca de 60 mil refeições a famílias carenciadas do concelho.

A partir de hoje as famílias carenciadas têm ao seu dispor, entre as 19:30 e as 20:30, refeições completas – sopa, pão, prato principal e sobremesa – por um preço que varia de acordo com a situação económica de cada agregado: “A situação das famílias é avaliada e calcula-se o que podem pagar, que pode ir de zero cêntimos a um euro”, explicou.

No espaço do restaurante há lugar para 60 pessoas mas os clientes podem também levar as refeições para casa.



O responsável acrescentou ainda que “outra mais-valia do projeto é o facto de todas as pessoas – e não apenas as pessoas pobres – poderem usufruir deste serviço. Todos podem comer, desde que paguem o que puderem pagar”.

O custo real das refeições, que são asseguradas por uma empresa, é de dois euros. A paróquia conta, para já, com os donativos feitos à igreja e com a ajuda de 66 voluntários. Num futuro próximo conta com o estabelecimento de parcerias com outras instituições.

A inauguração do espaço acontece hoje às 18:30 na igreja de Nossa Senhora da Conceição, e conta, entre outras, com a presença do Bispo D. Gilberto Canavarro dos Reis e da presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira (CDU).

Depois haverá jantar e, claro, cada um – mesmo quem tenha sido convidado – paga o que puder pagar.

OS SERES HUMANOS SÃO INTRINSECAMENTE OPTIMISTAS

Seres humanos são intrinsecamente optimistas

Helena Oliveira - Portal VER - helena.oliveira@ver.pt

Numa altura em que o país precisa de saber lidar com questões complexas e propensas ao pessimismo, o VER entrevistou Tali Sharot, a neurocientista responsável por uma investigação que demonstrou a tendência para o optimismo existente no cérebro humano. O livro resultante da pesquisa mereceu honras de capa na Time e o seu enquadramento precede a conversa com a autora
São boas as notícias que chegam do mundo da neurociência. Demonstrado cientificamente o velho ditado de que “a esperança é a última a morrer”, uma investigadora britânica e reconhecida mundialmente pelos estudos que tem feito sobre o optimismo e as redes neuronais que o alimentam, lançou agora um livro denominado “The Optimism Bias: a Tour of the Irrationally Positive Brain”.

Todos nós nos consideramos como criaturas racionais. Vigiamos as nossas costas, pesamos prós e contras e colocamos um guarda-chuva na mala se o tempo está nublado. Mas tanto as neurociências como as ciências sociais sugerem que somos muito mais optimistas que realistas.

Tali Sharot, uma investigadora no Wellcome Trust Centre for Neuroimaging, na Universiy College London, há vários anos que tem vindo a investigar os processos neuronais que, como defende, “ligam o cérebro a atitudes optimistas”. Mas, mais do que isso, Sharot sugere que esta tendência humana para o optimismo constitui um provável mecanismo de sobrevivência, presente nos milhares de anos da evolução da espécie humana. Ou seja, o princípio defendido pela investigadora é que o cérebro “empurra” deliberadamente os pensamentos negativos a favor dos que são positivos como uma forma de sobrevivência, dado que as expectativas positivas aumentam as possibilidades de continuarmos a lutar.

A crença de que o futuro será muito melhor que o passado é conhecida como “a tendência para o optimismo”, título do livro agora publicado por Tali Sharot. E está presente em qualquer raça, região ou contexto socioeconómico. As crianças que brincam a “o que quero ser quando for grande” são optimistas prolíferas e um estudo realizado em 2005 comprovou que os adultos com mais de 60 anos são tão propensos a considerar o copo meio cheio quanto os adultos mais jovens.

Numa era de cataclismos económicos, de números arrepiantes de desemprego, de catástrofes naturais, sem contar com todas as ameaças e fracassos que moldam a vida humana, seria de esperar que este optimismo sofresse algum tipo de erosão. E sim, na verdade, em termos colectivos podemo-nos deparar com um pessimismo crescente – principalmente no que respeita aos caminhos possíveis que os nossos líderes políticos podem conduzir o país, ou à sua capacidade de melhorar a educação ou reduzir o crime. Contudo, no que respeita ao optimismo privado, em termos do nosso futuro, este mantém-se incrivelmente intacto.
Se o excesso de optimismo pode ser responsável por algumas armadilhas, esta tendência também nos protege e inspira. Para progredirmos, temos de ser capazes de imaginar realidades alternativas – e melhores – ao mesmo tempo que temos de acreditar que as conseguimos alcançar. Esta fé ou esperança motiva-nos para perseguirmos os nossos objectivos. Os optimistas, em geral, trabalham mais horas e tendem a ganhar mais. E, de acordo com pesquisas realizadas por economistas da Duke University, também poupam mais. E apesar de não existir uma tendência para um menor número de divórcios neste caso, são mais propensos a casarem uma segunda vez – um acto descrito pelo escritor e poeta Samuel Johnson como “o triunfo da esperança sobre a experiência”. Mesmo que um futuro melhor seja muitas vezes uma ilusão, o optimismo tem benefícios claros no presente: a esperança mantém as nossas mentes num estado de sossego, diminui o stress e melhora a nossa condição física. E são vários os estudos, com doentes cardíacos ou de cancro, que comprovam estas teorias.

Obrigatório imaginar o futuro!
Os cientistas que estudam a memória propõem igualmente uma tese surpreendente: as memórias são susceptíveis a inexactidões porque o sistema neuronal responsável por recordar episódios do passado não evolui somente por causa da memória. Ao invés, a função principal do sistema de memória poderá ser, na verdade, a de imaginar o futuro – no sentido de nos preparar para o que está para vir. O sistema não está concebido para recordar na perfeição os eventos passados, sublinham os investigadores. É, sim, concebido para, de forma flexível, construir cenários de futuro nas nossas mentes. Como resultado, a memória acaba por ser um processo reconstrutivo e, ocasionalmente, alguns detalhes são apagados enquanto outros são inseridos.

Para pensarmos de forma positiva sobre as nossas perspectivas, defende Sharot, temos, antes de mais, de ser capazes de nos imaginar no futuro. O optimismo tem o seu início com aquilo que pode ser considerado um dos mais extraordinários talentos humanos: a viagem mental temporal, a capacidade que possuímos para voltar para trás e para a frente através do tempo e do espaço nas nossas mentes. E, apesar de darmos por adquirida esta aptidão, a capacidade de visionarmos um tempo e um espaço diferentes é indubitavelmente crítica para a nossa sobrevivência. E, desta forma, torna-se fácil perceber por que motivo a viagem cognitiva que fazemos no tempo foi alvo de uma selecção natural ao longo da evolução da espécie humana. Ela permite-nos planear antecipadamente, seja para poupar recursos alimentares para alturas de escassez ou trabalharmos arduamente em antecipação a uma recompensa futura. Se não fossemos capazes de visionar o futuro daqui a 100 anos, estaríamos preocupados com o aquecimento global, com a nossa saúde ou com o facto de querermos ter filhos?

Adicionalmente, o nosso cérebro não viaja no tempo de uma forma aleatória, tendo a propensão de escolher tipos específicos de pensamentos. Consideramos quão bem os nossos filhos se sairão nas suas vidas futuras, como é que iremos obter o emprego ideal há tanto procurado, como iremos suportar a compra daquela casa com vista para o mar ou encontrar o amor perfeito. Também nos preocupamos em perder os nossos entes queridos, com a possibilidade de ficarmos sem emprego ou de acabar os nossos dias num acidente de avião mas, mais uma vez, as pesquisas demonstram que a maioria de nós passa muito menos tempo a interrogar-se sobre eventos negativos do que a idealizar os positivos.

Tali Sharon trabalha especificamente com imagens de ressonância magnéticas funcionais (fMRI), as quais gravam a actividade cerebral dos voluntários enquanto estes imaginam determinados eventos passíveis de lhes acontecer no futuro. E, sem nos quedarmos em linguagem demasiado científica, a verdade é que quando estes visualizam eventos positivos e negativos, são duas as zonas do cérebro que se “iluminam”: a amígdala, uma pequena estrutura localizada nas profundezas do cérebro e que é central ao processamento de emoções e o córtex cingulado rostral anterior (rACC), uma área do córtex frontal que modula as emoções e as associações. O rACC funciona como um condutor de tráfego, aumentando o fluxo de emoções e de associações positivas. Quanto mais optimista uma pessoa for, mais elevada se torna a actividade nestas regiões - nos momentos em que os voluntários idealizarem cenários optimistas – sendo que a conectividade entre as duas estruturas se torna visivelmente mais forte. Em contrapartida, estas duas regiões – a amígdala e o rACC – mostram uma actividade anormal nos indivíduos deprimidos que, consequentemente, são muito mais pessimistas ao pensarem no futuro. Contudo e na verdade, os pessimistas moderados são relativamente mais exactos na sua previsão de eventos futuros. Vêem o mundo como ele é ou, por outras palavras, na ausência de um mecanismo neuronal responsável pela geração de optimismos não realistas, seria muito provável que todos os humanos fossem moderadamente depressivos. O que não é, felizmente, verdade, como sublinha na entrevista que se segue Tali Sharon.

Ver o copo meio cheio
Como define, em termos gerais, a propensão humana para o optimismo?
É a tendência para sobrestimar a probabilidade de se ir ao encontro de acontecimentos positivos no futuro e de se subestimar a probabilidade de se ir ao encontro de eventos negativos. Por exemplo, as pessoas subestimam, de forma significativa, as suas possibilidades de se virem a divorciar, de perder o emprego ou de serem diagnosticadas com cancro. Têm igualmente a expectativa de virem a ser extraordinariamente dotados, vêem-se a si mesmos a alcançar mais do que os seus pares e sobrestimam o seu período de vida (por vezes em mais de 20 anos).

É correcto afirmar que a tendência humana para o optimismo é gerada, em grande parte, por uma rede neuronal?
Sim. Não só o optimismo é o resultado da nossa rede neuronal, como qualquer pensamento, acção, tendência ou emoção, são igualmente gerados pelo nosso cérebro.

Escreveu que seria expectável que o optimismo pudesse sofrer uma erosão dada a tendência crescente de desemprego e de todas as ameaças e fracassos que moldam a vida humana e que, em termos colectivos, se sente realmente um pessimismo crescente. Mas argumenta também que o nosso optimismo privado permanece incrivelmente resiliente. Como é que possível separar este potencial pessimismo colectivo do optimismo pessoal?


EU PAGO SUBORNOS - UMA BOA IDEIA PARA PORTUGAL





Eu pago subornos”

Talvez o leitor se recorde de uma moda não muito longínqua que pegou em vários locais do país, na qual se colocava, nas montras de cafés, por exemplo, uma lista dos caloteiros dos mesmos. Com uma lógica similar, um website indiano está a exortar os cidadãos a contarem as suas histórias de suborno que, na Índia, fazem literalmente parte do quotidiano. A iniciativa está a ser um sucesso e são já vários os países que a estão a replicar. Uma boa ideia para Portugal?

Os 10 Mandamentos Anti-Corrupção

Um dos sinais da penetração da corrupção na Índia é espelhado pela seguinte estatística: 54% dos indianos pagaram um suborno ao longo do ano passado, de acordo com um estudo da Transparency International. “A corrupção diária está a minar completamente a capacidade das pessoas terem uma vida normal na Índia”, afirma Ramesh Ramanathan, co-fundador da organização sem fins lucrativos Jannagraha [que significa, literalmente, poder para as pessoas], a um jornal universitário interno da Universidade de Yale. De acordo com o activista, o pagamento de subornos de todas as espécies e feitios tornou-se uma prática tão corrente na Índia que é quase possível dizer que toda a gente, de uma forma ou outra, é ou um perpetrador, uma vítima ou um beneficiário. Assim, a Jannagraha decidiu lançar um website, com o simples nome de I paid a bribe (IPAB) incitando as pessoas, anonimamente, a descreverem as suas experiências de suborno e a partilharem informações sobre a mesma temática com cidadãos de todo o país. E ao imprimir esta possibilidade de transparência no mercado ilícito da corrupção em grande escala, o website já permitiu um mapeamento de quais as cidades, departamentos e outros organismos que mais corruptos são.

O website, lançado em Setembro de 2010, recebeu até terça-feira [altura em que este artigo foi escrito), 625,524 hits e, até agora, mais de 10 mil “confissões” provenientes de 416 cidades e de 19 departamentos governamentais. E, de acordo com Ramanathan, “já começámos a registar algumas vitórias em alguns departamentos governamentais”. É o caso da Organização dos Transportes e Estradas, o organismo que emite as cartas de condução e os registos de veículos, que ocupava o segundo lugar no ranking de maior número de incidentes relacionados com pagamento de subornos em Bangalore. E tal foi a vergonha que o próprio responsável do mesmo escreveu à organização afirmando que se sentia extremamente perturbado por o organismo que dirige ter uma reputação tão ignóbil. Por seu turno, a Jannagraha reuniu-se com o departamento no sentido de melhorar as suas normas processuais e, em muitos organismos do Estado, é possível ver-se, colados nas paredes, uns enormes posters com os 10 Mandamentos Contra o Suborno e que incluem informações sobre como reportar um acto desta natureza.

Há muito que a Índia que é conhecida por elevados níveis de corrupção. No relatório anual publicado pela Transparency International referente a 2010, a segunda nação mais populosa do mundo ocupava o 87º lugar numa lista de 178 países. E, mais uma vez, esta acção faz parte de uma tendência alargada de esforços de activistas de todo o mundo que lutam pela transparência e contra corrupção e que arranjam formas dinâmicas e interactivas, através da Internet, para colocarem holofotes em cima de uma variedade de problemas que os governos não podem resolver. Desta forma, o objectivo do IPAB é tentar capturar e redireccionar a frustração crescente de uma população que não consegue dar um passo sem ter de pagar a alguém para conseguir seguir em frenre. Como afirma Ramanathan, “aquilo que se apelida de corrupção em geral acontece em todos os países. Mas, na maioria das vezes, não está directamente ligada ao quotidiano das pessoas, mas sim a instâncias sobre as quais não existe controlo”. O problema é que, na Índia, “estas transacções diárias tornaram-se quase estruturais e a corrupção está a destruir a fibra moral da nossa sociedade e, caso consigamos inverter a tendência, esperemos que os [bons] comportamentos se contagiem”.

T.R. Raghunandan, o outro fundador da Jannagraha foi, durante 26 anos, funcionário público indiano e conhece bem os meandros da “economia por debaixo da mesa”. Em declarações à BBC, explica que, essencialmente, o IPAB recolhe três tipos de informação: “Eu paguei um suborno”, “EU não paguei um suborno” e “Eu não tive de pagar um suborno”. E, para além de exortar os cidadãos a contar as suas próprias histórias, o website ajuda-os igualmente a resistirem às inúmeras tentativas de corrupção de que são vítimas diariamente.

Inicialmente, esta “montra” de relatos de corrupção só era visível online. Mas e consequentemente, gerou um enorme interesse por parte dos vários meios de comunicação, televisão incluída. E, como conta Raghunandan, “cidadãos de várias partes do país e mesmo outros que vivem fora das nossas fronteiras, têm-nos escrito. Para além de serem vários os países que já nos pediram permissão para replicar a ideia”, sublinha. Na verdade e segundo dados do mesmo, o site já foi visitado por pessoas de 190 países.

E será que esta ideia poder-se-á tornar um modelo para minorar a corrupção em todo o mundo? Talvez, mas seguramente não em todo o lado.

Websites desta natureza são ilegais… na China
Como seria de esperar, as notícias correm rápido e foram vários os programadores chineses que tentaram utilizar a mesma arma para combater a corrupção no seu gigantesco país que, no ranking da Transparency Internacional, ocupa a 78ª posição. Como reporta a CNN, a iniciativa ganhou força quando, a 8 de Junho último, o Beijing News, um órgão estatal, publicou exactamente um artigo sobre o já mencionado website indiano.

(JORNAL DE NEGÓCIOS)

PROTESTO EM LISBOA

Trabalhadores ameaçam com protesto em Lisboa por LusaHoje

Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) aprovaram hoje uma moção em que pedem ao Governo a "suspensão imediata" do despedimento de 380 funcionários, admitindo para Julho um protesto em Lisboa.

Para 7 de Julho está agendada, em Lisboa, uma assembleia-geral da Empordef, holding do Estado que detém a totalidade do capital social dos ENVC. Em plena Praça da República, cerca de 700 trabalhadores aprovaram esta manhã, por unanimidade e aclamação, a possibilidade de viajarem até Lisboa, para protestar contra o plano de reestruturação, se "nada for feito" até ao dia anterior à reunião do accionista Estado. "Pensamos que é um prazo razoável para haver um sinal da parte do poder político de que vai haver uma suspensão da decisão de despedimento brutal e que haverá outra solução para a empresa", explicou António Barbosa, porta-voz da Comissão de Trabalhadores (CT).

A administração dos ENVC anunciou, na semana passada, um plano de reestruturação da empresa, a aplicar até final do ano, prevendo a saída de 380 dos 720 trabalhadores. No entanto, segundo a CT, só desde o início do mês de Junho, "de forma natural", a empresa já reduziu os postos de trabalho para 703 e reclama que, nos próximos cinco anos, "mais de 450 funcionários estarão acima dos 55 anos". "Ou seja, com outra disponibilidade para negociar a pré-reforma e não implementando este processo em cinco meses. Em outubro a administração falou numa reestruturação, ainda sem números, mas a implementar em cinco anos, não percebemos o que mudou entretanto", criticou António Barbosa.

Os ENVC apresentam actualmente um passivo acumulado de 200 milhões de euros e em 2010 somaram prejuízos de 40 milhões de euros. A manifestação de hoje concentrou mais de 3000 pessoas, entre funcionários, ex-trabalhadores e população, numa marcha de protesto contra os despedimentos e pela viabilização da empresa, que chegou a parar o trânsito em várias artérias da cidade.

"CONVERSAS ENTRE AMIGOS PARA LIXAR O POVO"

Carvalho da Silva critica "conversas entre amigos para lixar o povo"

O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, criticou o plano de Governo e o que diz serem "conversas entre amigos para lixar o povo", numa alusão à possibilidade de introdução de um imposto extraordinário sobre o IRS.

Carvalho da Silva muito crítico à hipótese de um imposto extraordinário sobre o IRS

"Ouvimos dizer que terá falado com alguns parceiros sociais, mas connosco não foi. A acontecer [imposto extraordinário, sobre IRS], será mais uma injustiça", afirmou Carvalho da Silva, questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade adiantada, esta quarta-feira, pelo "Jornal de Negócios", citando parceiros sociais que terão conhecido a intenção depois de reuniões com o Governo.

Minutos antes, participando numa acção pública em defesa da viabilidade dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e contra o anunciado despedimento de 380 dos 720 trabalhadores da empresa pública, Carvalho da Silva era menos comedido:

"Conversa entre amigos para lixar o povo", apontou, acusando o ministro da Economia de "negociar" com "os patrões", já que na reunião desta semana, com a CGTP, Álvaro Santos Pereira, "nada nos disse".

Questionado sobre as propostas do Plano de Governo já conhecidas, o líder da Intersindical diz que representam um "empobrecimento dos portugueses" e "injustiça porque são as vítimas das políticas que são chamadas a fazer mais sacrifícios".

O sindicalista criticou ainda o "cinismo e hipocrisia" dos agentes políticos por "acenarem" com algumas medidas, como a possibilidade de acesso ao subsídio de desemprego por trabalhadores com recibos verdes.

ASSASSINOS ECONÓMICOS

Assassinos económicos.‏

Trecho - Documentário "Let's make money" - Ex-assassino econômico John Perkins

(Alemanha, 2008, 108min. - Direção: Erwin Wagenhofer) Documentário de altíssimo nível, essencial para se entender o mundo em que vivemos pela ótica financeira internacional.