segunda-feira, 7 de novembro de 2011

UMA VIAGEM PELO MUNDO EM PORTUGUÊS - LUSOTOPIA

Uma Viagem pelo Mundo em Português
Milhões de portugueses (exploradores, marinheiros ou simples emigrantes) ao longo dos séculos tem percorrido o mundo, estabelecendo-se nos seus lugares mais recônditos. Descubra um pouco desta história fantástica de um povo que fez do mundo a sua pátria de eleição.

Carlos Fontes



Geórgia
Os portugueses chegaram no século XVII à Geórgia, através da Irão (Pérsia). Trata-se de uma das muitas explorações terrestres que fizeram ao longo dos séculos nos vários continentes. A expedição à Geórgia surge em 1613, quando tem conhecimento que o Xá Abbas da Pérsia havia invadido e arrasado este país, tendo trazido para Xiraz, entre outros reféns a Rainha Ketevan. Os portugueses que estavam implantados nesta cidade persa, não apenas deram apoio à rainha, mas a todos os georgianos ali deportados. Após a morte da rainha (1624) às mãos dos muçulmanos, desenvolveram uma vasta acção junto do Vaticano para a sua canonização.  

Após várias tentativas falhadas, em 1628, Ambrósio dos Santos e Pedro dos Santos, da Ordem dos Agostinhos, conseguem finalmente atingir a Arménia. Em Etchmiadzine obtém autorização para construirem em Gori, um convento e duas residências. Devido ao seu enorme isolamento, falta de linhas de apoio e aos ataques dos muçulmanos, esta comunidade implantada no coração da Geórgia, acabou por ser abandonada (1649).

Recorde-se que foi em Gori que nasceu o ditador Estaline (Joseph Stalin,1879-1953).

Gabão
Os portugueses foram os primeiros europeus a chegarem ao Gabão em 1470. Deram-lhe o nome de "gabão", pois o estuário na foz do Rio Komo, parecia-se com a forma de um casaco a que chamavam Gabão. A região foi disputada aos portugueses, no século XVII pelos holandeses, ingleses e franceses que acabaram por a dominar. A presença portuguesa nunca desapareceu da região, o que está bem patente no facto de uma parte muito significativa da população ter ainda apelidos portugueses. Muitas palavras portuguesas fazem parte das línguas locais.

No final dos anos 90 do século XX, as relações entre os dois países foram reforçadas através de vários acordos de cooperação. Em Julho de 2006, três dezenas de fuzileiros portugueses, foram enviados para o Gabão, onde ficaram estacionados em Port- Gentil, no ambito de uma operação internacional na R.D.do Congo (ex-Zaire).

Gana (Costa do Ouro)
Os portugueses chegaram ao Gana no século XV, onde fundaram a Fortaleza de São Jorge da Mina, uma das mais importantes fortalezas portuguesas em África.

A Mina foi no século XV um lugar quase mítica pelo ouro que nela se podia obter. Está também ligada à presunção de Portugal de manter zonas do Mar fechadas aos estrangeiros, protegendo-a com poderosas armadas. Muitas guerras foram travadas para defender a Mina, cuj importância diminuiu depois da descoberta da América em 1492 por Colombo. Um navegador (português) que ao serviço de D. João II também andou na defesa desta rota.

Sítios classificados pela UNESCO: Fortes e Castelos, Volta, Grande Acra, Regiões Central e Ocidental: http://whc.unesco.org/sites/fr/34.htm

Gambia
Um território encravado no Senegal, e que se extende ao longo do Rio Gambia. Os portugueses chegaram à Gambia em meados dos século XV, tendo aqui estabelecido uma importante rota de comércio com o Império do Mali. Após a ocupação de Portugal pela Espanha (1580-1640), D. António Prior do Crato, como contrapartida pelo apoio da Inglaterra à resistência portuguesa vendeu, em 1588, a exclusividade do comércio no Rio Gambia aos ingleses. A presença portuguesa continuou a manter-se nesta região.

Sítios classificados pela UNESCO: Ilhas James e sítios relacionados: http://whc.unesco.org/sites/fr/761rev.htm

Goa, Damão e Diu (Índia)
Estes territórios integrados na União Indiana, em 1961, foram desde o século XVI três locais fundamentais na ligação entre o Oriente e o Ocidente. Mais

Guiné-Bissau
Uma história comum com mais de cinco séculos

Guiné-Conacri
A presença de portugueses nesta região data da 1ª. metade do século XV. A partir do século XVII começam a chegar os holandeses e depois os franceses, constituindo-se no século XIX numa colónia da França. A Guiné-Conacri tornou-se independente em 1958, entrando nos anos 60 para a órbita da antiga União Soviética. Em poucos anos tornou-e num dos regimes mais sanguinários de África.

Durante a Guerra Colonial (1961-1974) ocorreu na Guiné-Conacri aquela que foi a última das acções militares agressivas de Portugal num país estrangeiro. A ‘Operação Mar Verde’ foi desencadeada no dia 20 de Novembro de 1970, contra a Guiné-Conacri, onde o PAIGC tinha as suas principais bases de guerrilha. A missão comandada por Alpoim Galvão consistia em Amílcar Cabral (Dirigente do PAIGC), assassinar o presidente Sekou Touré e substituir o governo por um outro amigo de Portugal, aniquilando a Guarda Republicana de Conacri e libertar 22 militares portugueses da cadeia de La Montaigne. Os prisioneiros portugueses foram libertados, o palácio presidêncial tomado, a maior parte da Força Aérea foi destruída, mas tudo o mais falhou. Sekou Touré não se encontrava no país. Amílcar Cabral não foi morto, embora tenha sido traído e assassinado três anos depois, justamente na cidade de Conacri, por membros do seu próprio partido (20/01/1973).

Esta acção provocou um enorme protesto internacional. A missão começou a ser planeada em fins de 1969 e contou com o apoio de dissidentes da Guiné-Conacry (ligados aos serviços secretos franceses).

Ao contrário do que seria de esperar, após a Independência da Guiné-Bissau, em 1975, os conflitos com a Guiné-Conacri não tem parado.

Guiana (Inglesa)
A presença portuguesa surge logo no século XVI. Em 1596 aí se estabelece uma importante comunidade de judeus. Em 1835 o número de portugueses rondava os 30 mil, estando presentes em todas as esferas económicas e sociais.

Guiana Francesa
A presença francesa foi sempre diminuta nos trópicos. Esta região era por isso alvo de uma intensa disputa entre portugueses e franceses, tendo os primeiros ocupado esta colónia no inicio do século XIX.

Grécia
As comunidades portuguesas judaicas espalharam-se a partir do século XVI por todo o mundo, procurando manter sempre vivas as suas origens. Fugindo à Inquisição, o judeu português José Nassi ( Joseph Nasi) estabeleceu-se no Império Otomano, onde acabou por ser nomeado Duque da Ilha de Naxos, no Mar Egeu.

Na cidade de Salónica, antes da II Guerra Mundial existia aqui uma importante comunidade portuguesa que foi praticamente dizimada após invasão alemã. Mais

Guatemala
A conquista de toda região da Guatemala está liga a um português - João Rodrigues Cabrilho. Este capitão muito experimentado nas coisas do mar, após ter estado em acções em Cuba (1510/11), México e com Pedro Alvarado na conquista Honduras, Guatemala e San Salvador (1523-1535). Acabou por fixar residência na cidade de Santiago dos Cavaleiros de Guatemala (1524), onde recebeu inumeros privilégios de Alvarado. Foi então nomeado almirante da armada que tinha como objectivo alcançar a China e as Molucas navegando para Ocidente. Entre 1538 e 1543 comandou uma expedição que explorou a costa leste do EUA.

Pedro de Alvarado, na cidade de Gautemala, em 1532, escreveu a Carlos V, uma carta afirmando que havia dois anos que fora contactado por dois pilotos portugueses, os quais lhe propuseram ir conquistar o «Império Pirú». Os portugueses guiavam desta forma os espanhóis na conquista da América. Ainda em 1532, partiu desta cidade uma expedição para a conquista do Peru, sob o comando de Sebastián de Belalcázar, um piloto português chamado João Fernandes. Este piloto participou na conquista de Tumbes e de Cajamarca, com Pizarro. Noutra expedição com Pedro Alvarado (1534) foi à costa do Equador, tendo subido até Quito.

Gibraltar (colónia inglesa ).
Gibraltar foi ocupado em 1703 pelos ingleses, e sendo-lhes cedido dez anos depois pela Espanha.

A presença de portugueses neste território data pelo menos do iníciodo século XV, quando se tornou num porto de escala e reabastecimento de Ceuta, conquistada em 1415 por Portugal. No século XVI e XVII muitos judeus portugueses refugiaram-se em Gibraltar devido às perseguições religiosas. Quando a Grã-Bretanha ocupa Gibraltar as comunicações com Portugal tornaram-se mais fáceis.

A ocupação inglesa de Gibraltar foi apoiada por Portugal, pois dava-lhes maiores garantias de acesso ao Mediterrâneo, assim como no combate à entrada no Altântico de piratas muçulmanos da Argélia e Tunísia, um problema que se arrastou até finais do século XVIII. Não admira que na segunda metade deste século, a marinha portuguesa tenha realizado continuas acções militares de protecção do estreito de Gibraltar, uma acção que a Espanha se mostrava incapaz de realizar.

No início do século XIX, centenas de familias de judeus portugueses que se haviam refugiado em Gibraltar e em Marrocos começam a regressar a Portugal, constituindo importantes comunidades em Faro, Lisboa e no arquipélago dos Açores. Muitos dos que chegam de Gibraltar entraram em Portugal com passaportes ingleses, o que lhes permitiu uma maior protecção.

Os portugueses não compreendem a reclamação de Gibraltar pelos espanhóis, quando hostensivamente ignoram as suas justas reclamações sobre Olivença, usurpada em 1801 pela Espanha. Mais

Gronelândia (Groenlândia ou Groelândia)
Desde finais do século XV que os portugueses frequentam as costas da Gronelândia, nomeadamente na pesca do bacalhau.

Durante a 2ª. Guerra Mundial, Portugal e a Gronelândia (colónia Dinamarquesa) passa a fazer parte de um eixo de defesa Atlântica que protegeu os EUA. Na sequência desta acção será criada em 1949 a Nato.

Holanda
No século XVI, milhares portugueses judeus, refugiam-se na região da actual Holanda, criando aí uma importante comunidade. A luta destes portugueses contra do domínio de Portugal pela Espanha, entre 1580 e 1640, acabou por facilitar a expansão dos países baixos pelas rotas marítimas abertas por Portugal, mas também por dificultar a expansão do cristianismo no Oriente abrindo deste modo espaço ao islamismo. Mais

Havai (EUA)
As ilhas Hawai, situadas em pleno Oceano Pacífico, foram descobertas no século XVI por um português ao serviço de Espanha. A presença de portugueses só começa a notar-se a partir da segunda metade do século XIX, quando aí se começaram fixar portugueses oriundos da Madeira (marinheiros desertores dos barcos baleiros). Eram 395 em 1872. Em 1880, o Hawai contava já com 813 açorianos, 540 madeirenses, 120 cabo-verdianos e 120 crianças filhas de portugueses. Entre 1907-1910 começa uma enorme vaga emigratória. Em 1910 contavam-se já 22.294 portugueses no Hawai.

Em 1930 atingiam os 27.588 e desempenhavam as mais diversas actividades económicas e sociais. Em 1940 seriam mais de 35 mil, estando profundamente enraizados na vida das ilhas e com uma enorme influencia na cultura local. Os nomes Rebelos, Perestrelos, Vieiros, Câmaras, Bettencourts, Silvas, Pracanas, Soares, Cardosos, Freitas, Lomelinos continuam a ser muito comuns. O cavaquinho português (o ukulele), foi aqui promovido a instrumento musical nacional. Esta influência estende-se desde a arquitectura, à culinária até à religião, onde se continuam a realizar as célebres festas do Espírito Santo. Em Honolulu existem três "Impérios".

Haiti

Hungria
Camões, nos Lusíadas refere uma antiga lenda que afirmava a origem hungara do Conde D. Henrique, pai do primeiro rei de Portugal. Antes da própria Independência, aqui se estabeleceu o hungaro Martinho de Dume. O fundador do reino da Hungria - Estevão (997­1038) - foi canonizado no século XII, tornando-se um santo muito popular em Portugal. Os contactos não terminam por aqui. No século XIV, a conhecida rainha Santa Isabel, mulher do rei D. Dinis, era sobrinha da rainha Isabel da Hungria, celebrizada também por milagres com rosas. Mais


Ilhas Fernão do Pó e Ano Bom (Guiné Equatorial )
Ao longo da história, sempre que Portugal manifestou problemas internos, os seus vizinhos ibéricos iniciaram desde logo a sua política de saque de uma parte dos seu território ou possessões ultramarinas. Na segunda metade do século XVIII, os espanhóis ocuparam-lhes as ilhas de Sacramento e de Santa Catarina (Brasil). Sem meios para suster estes saque, Portugal acaba por lhe ceder as Ilhas de Fernão do Pó (Bioko) e Ano Bom (Ilha Pagalu) em troca da devolução das citadas ilhas (1778, Tratado do Prado). Depois de Ceuta, a Espanha ficava desta forma com mais um pedaço de África que pertencera a Portugal.

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