O sol que ainda se esconde atrás dos imbondeiros
por Rui Rocha | 04.09.11 (IN DELITO DE OPINIÃO)
O regime de Luanda começa a sofrer os primeiros abanões dignos de registo. São, até ver, apenas sinais. A história recente corre, ainda, em favor de José Eduardo dos Santos. Mais de trinta anos de guerra sangrenta estão bem presentes na memória e na carne dos angolanos. Daí que muitos prefiram, de momento, fechar os olhos e a consciência a quanto os rodeia. A paz podre é para estes, apesar de tudo, uma solução aceitável quando comparada com os dias de chumbo da guerra pura e dura. Por isso, não acredito que estes sejam ainda os prenúncios de uma primavera angolana iminente. Por mais um tempo, com mais ou menos sobressaltos, a arraia-miúda dedicar-se-á ao bisness de cada dia e o poder continuará a explorar o business. As usual. Assim, teremos, se não me engano, ainda um par de anos para exercitarmos toda a nossa complacência relativamente a este regime corrupto e autocrático. Essa que impede, inclusivamente, aqueles que se empenharam em encontrar toda a sorte de justificações sociológicas (quando não metafísicas ou até astrológicas) para os acontecimentos de Londres a calarem qualquer sinal de solidariedade relativamente aos manifestantes de Luanda. Ou, acaso, perante tal silêncio, devemos admitir que ali, no Cazenga, na Maianga ou no Sambizanga, existem mais democracia, oportunidades e justiça social do que em Tottenham ou noutros subúrbios das grandes cidades inglesas?
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