NOTÍCIA/ADENDA UMA NOITE PARA RECORDAR (Fados em Olivença, 21-JULHO-2011) Era uma noite calma. Quinta-feira, 21 de Julho de 2011, à noite. Um palco montado a meio da rua. Rua dos Saboeiros. Calle Bravo Murillo, oficialmente. O enquadramento do palco era belo. Um velho nicho, caiado de branco, que outrora albergou um qualquer santo ou santa. Talvez em nome de um ofício. Quiçá de uma qualquer devoção, pessoal ou colectiva. Talvez em memória de algo. Ou de coisa nenhuma. Fé, certamente. Como sabê-lo? Meia rua, defronte do palco, cheia de cadeiras, com algumas mesas, uma ou outra reservada para as autoridades locais e autárquicas, tudo em frente do Bar promotor do evento, o "Pub Limbo". O espectáculo, alentejanamente, recebeu o nome de "Luar na Chuné". "Chuné" alentejana, visível, com o luar a bater-lhe. E o nicho, com enfeites barrocos. Também com a Luar a bater-lhe. Nas cadeiras, sentou-se muita gente. Esmagadoramente locais. E esperou-se. Não muito. Toy (António) Faria, de Elvas, começou a cantar o primeiro fado. E continuou com o segundo. Depois, a voz forte de Patrícia Leal. Uma surpresa. Da Azaruja. Uma voz igual às melhores. Por fim, João Ficalho, de Borba. Cantando.... mas também, e sempre, tocando viola. Acompanhando também os outros. Só um não cantou. João Esquetim, de Portalegre, creio. Mas... era ele que dava o som ao fado. Som que tirava da Guitarra portuguesa. Momentos surpreendentes. Principalmente quando um fadista, Toy (António) Faria, fez um apelo ao público para que o acompanhasse. E ele assim fez. Uma e outra vez, entoando "Canto o Fado". Outro momento alto. Patrícia Leal cantou "Por uma Lágrima". Dificuldade e responsabilidades acrescidas. Um primor de execução! Todos estiveram bem. Cantores, público, organizadores. Com destaque para a Associação local "Além Guadiana". Que teima. Lutando contra o silêncio, a apatia, a indiferença. Porque a cultura lusitana está ali, e é de todos. Evitando interferências políticas ou questões delicadas. Mas está presente. Foi uma noite de fados em Olivença. Essa localidade incómoda. Mas com uma grande personalidade! Estremoz, 26 de Julho de 2011 Carlos Eduardo da Cruz Luna
TRÊS ANOS DE ACTIVIDADE: O "ALÉM GUADIANA" por Carlos Luna (RESUMO DE ACONTECIMENTOS DE TRÊS ANOS: 2008-2011)(Parte 1 de 6) A INESPERADA RECUPERAÇÃO DO PORTUGUÊS EM OLIVENÇA Portugal é um País de contradições. Ambiciona ser conhecido, reclama que a sua cultura é pouco divulgada... mas, contraditoriamente, parece envergonhar-se de assumir manifestações concretas da sua cultura. Desde 2008 ( em Março de 2011, celebra-se o terceiro aniversário), algo de novo surgiu no panorama cultural português... ou, se se quiser, lusófono. Previamente, a União Europeia chamou a atenção para a falta de protecção de que a Língua Portuguesa era vítima por parte do Estado Espanhol em Olivença e Táliga (antiga aldeia de Olivença.Mais importante, na própria Olivença, um grupo de locais fundou a Associação "Além Guadiana", que, sem se preocupar com a questão, que se mantém, algo discretamente, sobre a soberania legal (ou efetiva) sobre a Região, decidiu meter "mãos à obra", e começar a lutar pela recuperação da sua cultura e da sua História. Entenda-se: Cultura e História portuguesas. Menos de um ano sobre a sua fundação, o grupo conseguia, em 28 de Fevereiro de 2008, organizar uma "Jornada do Português Oliventino", que decorreu na Capela do Convento português de São João de Deus (em Olivença, naturalmente). Quer se queira, quer não, fez-se História: pela primeira vez desde 1801, a Língua Portuguesa manifestava-se livremente em Olivença, com a "cobertura" das autoridades espanholas máximas a nível local e regional. Quase 200 pessoas foram testemunhas disso, entre as quais o arqueólogo Cláudio Torres, o "herói" do mirandês Amadeu Ferreira, e outros! Vale a pena fazer um resumo do que então se passou.
A JORNADA DE FEVEREIRO DE 2008
Falou primeiro o Presidente da Junta da Extremadura espanhola, Guillermo Fernández Vara. Curiosamente, um oliventino. Foi comovente ouvi-lo confessar que, na sua casa paterna, o Português era a língua dos afectos. O Presidente da Câmara de Olivença, Manuel Cayado,falou em seguida. Joaquín Fuentes Becerra, presidente da Associação "Além Guadiana", destacou e insistiu no aspecto cultural da Jornada. Juan Carrasco González, um conhecido catedrático, falou depois. Seguiu-se Eduardo Ruíz Viéytez,Consultor do Conselho da Europa, que explicou as recomendações críticas deste, ao Estado Espanhol, em relação ao Português de Olivença. Falou depois Lígia Freire Borges, do Instituto Camões, que destacou o papel da Língua Portuguesa no mundo. Após o almoço, foi a vez de ouvir a voz de alguns oliventinos, em Português, bem alentejano no vocabulário e no sotaque, não faltando críticas e denúncias de situações de repressão linguística não muito longe no tempo. Falram depois Domingo Frade Gaspar (pela fala galega) e José Gargallo Gil (Línguas minoritárias). Seguiu-se Manuela Barros Ferreira, da Universidade de Lisboa, que relatou a experiência significativa de recuperação do Mirandês. Falou finalmente o Presidente da Câmara Municipal de Barrancos, a propósito dos projectos de salvaguardar o dialecto barranquenho. No final, foi projectado um curto filme sobre o Português oliventino, realizado por Mila Gritos (Milagros Rodrígues Perez). Nele surgiam oliventinos a contar a história de cada um, sempre em Português. Deu por encerrada a sessão Manuel de Jesus Sanchez Fernandez, da Associação Além-Guadiana. Os assistentes e os promotores da Jornada abandonaram o local, já de noite, convictos de que tinham assistido a algo notável. Estava dado um passo de gigante para a recuperação de cultura lusa em Olivença. Cerca de um ano, um pouco mais, depois, nova surpresa!
A Câmara Municipal de Olivença decidiu começar a recuperar os antigos nomes em português das ruas da localidade. A iniciativa partiu, claro, da associação cultural Além Guadiana, apresentou à Câmara e aos diferentes representantes políticos de Olivença um projeto pormenorizado para a valorização da toponímia oliventina, com unânime aceitação. O projeto, com início a 12 de Junho de 2010, e que prossegue, estando já quase conluído em Janeiro de 2011, contempla a adição dos antigos nomes das ruas aos atuais, mantendo a mesma tipologia e estética nas placas. Assim, resgatam-se as denominações das ruas, dos becos,das calçadas, etc., que configuram o conjunto histórico encerrado nas muralhas abaluartadas, com um total de 73 localizações. Recorde-se que a maior parte da toponímia urbana de Olivença foi ubstituída ou modificada na primeira metade do século XX, embora quase todos os nomes continuassem a ser utilizados pela população apesar das alterações, como nos casos da rua da Rala, da rua da Pedra, da Carreira, etc. A Associação "Além Guadiana", num comunicado, esclarecia: «os antigos nomes das ruas falam-nos do passado português da "Vila", como popularmente é conhecida a cidade, desvelando aspetos diversos, amiúde desconhecidos, da sua história. Estes remontam a séculos atrás, muitos deles à Idade Média, aludindo a pessoas ilustres da História, a antigos grémios de artesãos, a santos objeto da devoção popular ou à fisionomia das ruas, entre outros aspetos. "A rua das Atafonas, a Calçada Velha, o Terreiro Salgado e o beco de João da Gama" são alguns exemplos.» Mais dizia a comunicado. «Com esta iniciativa pretende-se, enfim, realçar um interessante componente da rica herança cultural oliventina, a toponímia, contribuindo para testemunhar a história partilhada deste concelho e para a tornar visível em cada recanto intramuros. Os nomes ancestrais dos espaços públicos conformam uma janela que convida a assomar-se e a explorar a apaixonante história de Olivença. Expressados na sua originária língua portuguesa, constituem o testemunho vivo de uma cidade onde se respiram duas culturas e são um veículo que encoraja os mais novos a manter a língua que ainda falam as pessoas mais velhas do município. Para a associação Além Guadiana, trata-se de uma iniciativa com fins didáticos, culturais e turísticos, com a qual se resgata para o presente uma parte do passado oliventino.» (CONTINUA)
(Parte 3 de 6)PEÇO AOS POLÍTICOS/JORNALISTAS/INTELECTUAIS...TENDO COMO BASE ESTE TEXTO EM TRÊS PARTES... QUE FAÇAM UM ARTIGO SOBRE O ASSUNTO (Parte 2 de 3) COMO CONSIGO QUE UM JORNAL PUBLIQUE ISTO UMA ESPÉCIE DE «DIA DE PORTUGAL»... DOIS DIAS DEPOIS
A inauguração das primeiras ruas com os nomes em Português, teve lugar no meio de uma espécie de festival promovido pela Associação citada, denominado «Lusofonias». No sentido de promover a cultura e a língua portuguesa, a organização do evento elegeu como imagens promocionais da iniciativa Amália Rodrigues, Fernando Pessoa e Vasco da Gama. A "Além Guadiana" justificou estas escolhas: «São ícones de Portugal e da sua história. Como curiosidade posso dizer que os familiares de Vasco da Gama são originários de Olivença e desta forma vamos relembrar esse facto.» A iniciativa cultural contou com a colaboração do Ayuntamiento de Olivença, da Associação para o Desenvolvimento Rural da Comarca de Olivença e da Junta da Estremadura, e consistiu ainda num vasto conjunto de actividades, entre as quais se destacaram peças de teatro, música, literatura e animação de rua. Em paralelo, houve uma zona reservada a exposições, onde estiveram artesãos, um espaço dedicado à gastronomia e a instituições do espaço lusófono, bem como trabalhos ao vivo e animação musical a cargo de grupos de Portel (Évora). Procedeu-se a uma leitura pública contínua em português, na qual participaram oliventinos de todas as idades lendo ou recitando na língua de Camões, Este foi um dos pontos altos que a organização destaca deste dia dedicado ao mundo lusófono. Durante a manhã ocorreu também uma demonstração de folclore, através do grupo "La Encina" de Olivença e a atuação das Cantadeiras de Granja (Évora). No período da tarde foi projectado no Espácio para la Creación Joven, o filme "O Leão da Estrela", e houve actividades de animação nas ruas, bem como ainda a atuação dos alunos de português da escola pública Francisco Ortiz, de Olivença. A "Estória da Galinha e do Ovo" e "O Canto dos Poetas", ambos interpretados pela associação "Do Imaginário" de Évora, foram dos atractivos desta iniciativa promovida pela associação "Além Guadiana".
UM MERCADO MENSAL
O final de 2010 e o princípio de 2011 viram realizar-se mais uma iniciativa deste prolixo grupo oliventino: um mercado mensal de artesanato e antiguidades portuguesas. O primeiro efetuou-se a 11 de Dezembro de 2010, o segundo a 8 de Janeiro de 2011. O terceiro em 12 de Fevereiro de 2011. E assim por diante! Pela primeira vez, em mais de duzentos anos, ressurgiu o mercado antigo tradicional de Olivença era aos Sábados, nas suas características originais. Na verdade, este evento efetua-se num local distinto do mercado mais convencional (Adro da Igreja manuelina da Madalena), que é no mesmo dia da semana. Foi curiosa a primeira edição, não só pelo afluxo de interessados, mas também por algumas das motivações expressas. Muitas louças tradicionais (do Redondo, por exemplo), e mobiliário, também tradicional, foram adquiridos porque lembrava aos compradores objectos vistos em casa de antepassados seus, onde constituíam uma espécie de relíquias. Note-se que, na falta do seu tradicional mercado, muitos oliventinos, durante mais de cem anos, se deslocavam a Elvas ou a outras localidades, procurando obter os produtos (então de utilidade doméstica, ou de decoração) a que estavam tradicionalmente habituados.(CONTINUA)
(Parte 4 de 6) LANÇAMENTO DAS SEGUNDAS LUSOFONIAS NA "CASA O ALENTEJO" (12-Maio dwe 2011)
O Além Guadiana" não hesitou em avançar para uma nova edição de Lusofonias, e tratou de fazer a sua divulgação na "Casa do Alentejo", em 12 de Maio de 2011. A Imprensa portuguesa, ainda que convocada, não compareceu em grande medida, cm excepção da Agência Lusa, que publicou um excelente artigo sobre este grupo de oliventinos. São dessa notícias as informações que se seguem. «A associação 'Além Guadiana' apelou hoje a um maior apoio do Estado português e das diversas instituições ligadas à cultura, para "manter acesa a chama" da língua portuguesa em Olivença. "Falta apoio português. Não só do Estado, mas também das instituições e dos media. Os meios de comunicação social portugueses deveriam ir a Olivença ver as coisas de outro prisma", afirmou Eduardo Machado, que aproveitou para sublinhar que o 'terreno' da associação "é apenas a cultura". "Queremos tratar as coisas com naturalidade. Respeitamos todas as posições, mas o nosso terreno é a cultura", afirmou, referindo-se às rivalidades e preconceitos ainda existentes e à necessária mudança de mentalidades, sublinhando: "O português em Olivença não é uma língua estrangeira". O responsável falava na primeira iniciativa pública da 'Além Guadiana' em Portugal, que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, e serviu não só para fazer um balanço dos três anos de atividades desta associação sem fins lucrativos mas também para apresentar a segunda edição do festival 'Lusofonias', que decorrerá em Olivença nos dias 28 e 29 deste mês.» (Fim da citação da Lusa). E, na verdade, o novo festival de Lusofonias, de dois dias, decorreu em 28 e 29 de Maio de 2011. (CONTINUA)
CONCLUSÃO:PEÇO AOS INTELECTUAIS/JORNALISTAS... TENDO POR BASE ESTE "RELATO" EM TRÊS PARTES...QUE FAÇAM UM ARTIGO SOBRE ISTO(CONCLUSÃO/PARTE 3 DE 3) COMO CONSIGO QUE UM JORNAL PUBLIQUE ISTO (CONCLUSÃO) O SEGUNDO FESTIVAL DE LUSOFONIAS (28 e 29 de Maio de 2011)
Teremos de fazer algumas considerações prévias, ainda que com o risco de cair em "repetições". É difícil descrever o que representou, ou representa, histórica e culturalmente, este "festival" de cultura portuguesa e lusófona para, e em primeiro lugar, Olivença, para Portugal, e para o espaço lusófono. Trata-se, recordemos, do renascer de toda uma Cultura (a portuguesa) num lugar onde, desde 1801, a mesma deixou de ser "oficial", e onde, durante cerca de duzentos anos, muito se fez para a aniquilar. São habitantes locais, oliventinos genuínos, que, sem entrarem em considerações politicas e considerações sobre litígios de soberania, reivindicam a sua cultura tradicional e a sua pertença ao espaço lusófono. É um tanto confrangedor, para não usar expressões mais críticas que não se dê maior destaque ao que ali ocorre em consequência disso. No dia 28 de Maio, Sábado, após uma alocução das autoridades locais (com a presença de todas as forças políticas oliventinas) numa curta cerimónia de abertura, as "Lusofonias" foram oficialmente abertas ao público. Pavilhões de instituições portuguesas e de comércio e artesanato (com destaque para a doçaria), que se estendiam por duas secções da antiga Carreira, numa amostra muito significativa da cultura portuguesa. O grupo Gigabombos, de Évora, desfilou no local, e, depois, por toda a cidade. Seguiu-se uma leitura pública, essencialmente por oliventinos, de textos em Português. Documentários e teatro, música, corais alentejanos, bem como actuações de escolas locais (sempre ne língua de Camões), seguiram-se pela noite fora. Note-se que estavam presentes elementos culturais de vários países lusófonos, e não só de Portugal. Uma exposição fotográfica, aliás apresentada com destaque, mereceu muita atenção, intitulada "O meu olhar sobre a Olivença Portuguesa", do oliventino Jesus Valério. Muita gente a elogiou. À noite, houve um espectáculo público, um concerto do cantautor espanhol (e extremenho) Luís Pastor, "padrinho" do evento, que teve o cuidado de quase só usar a língua portuguesa, cantando temas portugueses, e recordando grandes cantautores portugueses (a começar por Zeca Afonso). No dia 29 de Maio, Domingo, reabriu o espaço dos pavilhões, e actuou o Rancho folclórico de Macieira da Lixa (Porto). Seguiram-se canções e dramatizações, uma vez mais em Português e a "cargo" de alunos de escolas locais, e ainda mais música por um grupo português. Só por volta das 24.00 se deu por encerrado o evento, um sucesso que levará, decerto, a Associação oliventina "Além Guadiana" a continuar a esforçar-se por devolver a Olivença a sua cultura e língua tradicionais, com iniciativas como esta ou outras similares, para além de um trabalho contínuo e diário nesse mesmo sentido. A dita Associação renova o apelo para que, em Portugal, e sem preconceitos, haja uma maior divulgação das suas actividades, bem como apoios, basicamente culturais, já que os seus objectivos são deste teor, e não outros. É infelizmente necessário repetir que nem sempre parece estar a haver uma clara compreensão destes aspectos, o que muito se lamenta.
Só no dia 8 de Junho de 2011 a RTP, no "Portugal em Directo", mostrou a boa reportagem que fizera em Olivença no dia 28 de Maio de 2011. Sirva de desculpa o período eleitoral que se vivia então em Portugal. Afinal, os oliventinos só querem ser ouvidos, sem discriminações. "A língua de Camões fala-se ininterrompidamente em Olivença desde finais do século XIII". Estas são palvras do Presidente da Associação Além Guadiana, o já citado Joaquín Fuentes Becerra, "Este o mais importante legado português. Até meados do século XX, 150 anos após a mudança de nacionalidade, a língua maioritária era o Português, apesar de não ter tido qualquer apoio institucional". Becerra acrescenta que, hoje em dia, para além de conservada pelos mais velhos, a língua portuguesa já está a ser ensinada nas escolas. "Estamos no caminho correto, mas faz falta uma aposta mais forte para que a língua portuguesa não se perca em Olivença. A língua é tudo". E, sem abordar aspectos políticos, Becerra reclama para a localidade a sua "INTEGRAÇÃO NA LUSOFONIA". Parece que algo de novo, e talvez um tanto inesperado, está a surgir no espaço lusófono. Ignorá-lo, fingir que não existe, começa a ser impossível. E insuportável! Estremoz, 16 de Junho de 2011 Carlos Eduardo da Cruz Luna (FIM)..
NOTÍCIA/ADENDA
ResponderEliminarUMA NOITE PARA RECORDAR (Fados em Olivença, 21-JULHO-2011)
Era uma noite calma. Quinta-feira, 21 de Julho de 2011, à noite. Um
palco montado a meio da rua. Rua dos Saboeiros. Calle Bravo Murillo,
oficialmente.
O enquadramento do palco era belo. Um velho nicho, caiado de
branco, que outrora albergou um qualquer santo ou santa. Talvez em
nome de um ofício. Quiçá de uma qualquer devoção, pessoal ou
colectiva. Talvez em memória de algo. Ou de coisa nenhuma. Fé,
certamente. Como sabê-lo?
Meia rua, defronte do palco, cheia de cadeiras, com algumas mesas,
uma ou outra reservada para as autoridades locais e autárquicas, tudo
em frente do Bar promotor do evento, o "Pub Limbo". O espectáculo,
alentejanamente, recebeu o nome de "Luar na Chuné". "Chuné"
alentejana, visível, com o luar a bater-lhe. E o nicho, com enfeites
barrocos. Também com a Luar a bater-lhe.
Nas cadeiras, sentou-se muita gente. Esmagadoramente locais. E esperou-se.
Não muito. Toy (António) Faria, de Elvas, começou a cantar o
primeiro fado. E continuou com o segundo. Depois, a voz forte de
Patrícia Leal. Uma surpresa. Da Azaruja. Uma voz igual às melhores.
Por fim, João Ficalho, de Borba. Cantando.... mas também, e sempre,
tocando viola. Acompanhando também os outros.
Só um não cantou. João Esquetim, de Portalegre, creio. Mas... era
ele que dava o som ao fado. Som que tirava da Guitarra portuguesa.
Momentos surpreendentes. Principalmente quando um fadista, Toy
(António) Faria, fez um apelo ao público para que o acompanhasse. E
ele assim fez. Uma e outra vez, entoando "Canto o Fado".
Outro momento alto. Patrícia Leal cantou "Por uma Lágrima".
Dificuldade e responsabilidades acrescidas. Um primor de execução!
Todos estiveram bem. Cantores, público, organizadores. Com destaque
para a Associação local "Além Guadiana". Que teima. Lutando contra o
silêncio, a apatia, a indiferença. Porque a cultura lusitana está ali,
e é de todos. Evitando interferências políticas ou questões delicadas.
Mas está presente.
Foi uma noite de fados em Olivença. Essa localidade incómoda. Mas
com uma grande personalidade!
Estremoz, 26 de Julho de 2011
Carlos Eduardo da Cruz Luna
TRÊS ANOS DE ACTIVIDADE: O "ALÉM GUADIANA"
ResponderEliminarpor Carlos Luna
(RESUMO DE ACONTECIMENTOS DE TRÊS ANOS: 2008-2011)(Parte 1 de 6)
A INESPERADA RECUPERAÇÃO DO PORTUGUÊS EM OLIVENÇA
Portugal é um País de contradições. Ambiciona ser conhecido,
reclama que a sua cultura
é pouco divulgada... mas, contraditoriamente, parece envergonhar-se de assumir
manifestações concretas da sua cultura.
Desde 2008 ( em Março de 2011, celebra-se o terceiro aniversário),
algo de novo surgiu
no panorama cultural português...
ou, se se quiser,
lusófono. Previamente, a União Europeia chamou a atenção para a falta
de protecção de que
a Língua Portuguesa era vítima por parte do Estado Espanhol em
Olivença e Táliga (antiga
aldeia de Olivença.Mais importante, na própria Olivença, um grupo de
locais fundou a
Associação "Além
Guadiana", que, sem
se preocupar com a questão, que se mantém, algo discretamente, sobre a
soberania legal
(ou efetiva) sobre a Região, decidiu meter "mãos à obra", e começar a
lutar pela
recuperação da sua cultura e da sua História. Entenda-se: Cultura e
História portuguesas.
Menos de um ano sobre a sua fundação, o grupo conseguia, em 28 de
Fevereiro de 2008,
organizar uma "Jornada do Português Oliventino", que decorreu na
Capela do Convento
português de São João de Deus (em Olivença, naturalmente).
Quer se queira, quer não, fez-se História: pela primeira vez desde 1801,
a Língua Portuguesa manifestava-se livremente em Olivença, com a
"cobertura" das
autoridades espanholas máximas a nível local e regional.
Quase 200 pessoas foram testemunhas disso, entre as quais o
arqueólogo Cláudio
Torres, o "herói" do mirandês Amadeu Ferreira, e outros!
Vale a pena fazer um resumo do que então se passou.
A JORNADA DE FEVEREIRO DE 2008
Falou primeiro o Presidente da Junta da Extremadura espanhola,
Guillermo Fernández
Vara. Curiosamente, um oliventino. Foi comovente ouvi-lo confessar
que, na sua casa paterna, o Português era a língua dos afectos. O
Presidente da Câmara
de Olivença, Manuel Cayado,falou em seguida.
Joaquín Fuentes Becerra, presidente da Associação "Além
Guadiana", destacou e
insistiu no aspecto cultural da Jornada.
Juan Carrasco González, um conhecido catedrático, falou depois.
Seguiu-se Eduardo Ruíz Viéytez,Consultor do Conselho da Europa,
que explicou as
recomendações críticas deste, ao Estado Espanhol, em relação ao
Português de Olivença.
Falou depois Lígia Freire Borges, do Instituto Camões, que destacou o
papel da Língua Portuguesa no mundo. Após o almoço, foi a vez de
ouvir a voz de alguns oliventinos, em Português, bem alentejano no
vocabulário e no
sotaque, não faltando críticas e denúncias de situações de repressão
linguística não muito longe no tempo.
Falram depois Domingo Frade Gaspar (pela fala galega) e José
Gargallo Gil (Línguas
minoritárias).
Seguiu-se Manuela Barros Ferreira, da Universidade de Lisboa, que
relatou a experiência significativa de recuperação do Mirandês.
Falou finalmente o Presidente da Câmara Municipal de Barrancos, a
propósito dos projectos de salvaguardar o dialecto barranquenho.
No final, foi projectado um curto filme sobre o Português
oliventino, realizado por
Mila Gritos (Milagros Rodrígues Perez). Nele surgiam
oliventinos a contar a história de cada um, sempre em Português.
Deu por encerrada a sessão Manuel de Jesus Sanchez Fernandez, da
Associação Além-Guadiana.
Os assistentes e os promotores da Jornada
abandonaram o local, já de noite, convictos de que tinham assistido a
algo notável.
Estava dado um passo de gigante para a recuperação de cultura
lusa em Olivença.
Cerca de um ano, um pouco mais, depois, nova surpresa!
(CONTINUA)
(PARTE 2 de &)
ResponderEliminarTOPONÍMIA EM PORTUGUÊS
A Câmara Municipal de Olivença decidiu começar a recuperar os
antigos nomes em
português das ruas da localidade. A iniciativa partiu, claro, da
associação cultural Além
Guadiana, apresentou à Câmara e aos diferentes representantes
políticos de Olivença um
projeto pormenorizado para a valorização da toponímia oliventina, com
unânime aceitação.
O projeto, com início a 12 de Junho de 2010, e que prossegue,
estando já quase
conluído em Janeiro de 2011, contempla a adição dos antigos nomes das
ruas aos atuais,
mantendo a mesma tipologia e estética nas placas. Assim, resgatam-se
as denominações das
ruas, dos becos,das calçadas, etc., que configuram o conjunto
histórico encerrado nas
muralhas
abaluartadas, com um total de 73 localizações.
Recorde-se que a maior parte da toponímia urbana de Olivença foi
ubstituída ou
modificada na primeira metade do século XX, embora quase todos os
nomes continuassem a
ser utilizados pela população apesar das alterações, como nos casos da
rua da Rala, da
rua da Pedra, da Carreira, etc.
A Associação "Além Guadiana", num comunicado, esclarecia: «os
antigos nomes das ruas
falam-nos do passado português da "Vila", como popularmente é
conhecida a cidade, desvelando aspetos diversos, amiúde desconhecidos,
da sua história.
Estes remontam a séculos atrás, muitos deles à Idade Média, aludindo a
pessoas ilustres
da História, a antigos grémios de artesãos, a santos objeto da devoção
popular ou à
fisionomia das ruas, entre outros aspetos. "A rua das Atafonas, a
Calçada Velha, o
Terreiro Salgado e o beco de João da Gama" são alguns exemplos.»
Mais dizia a comunicado. «Com esta iniciativa pretende-se, enfim,
realçar um
interessante componente da rica herança cultural oliventina, a
toponímia, contribuindo
para testemunhar a história partilhada deste concelho e para a tornar
visível em cada
recanto intramuros. Os nomes ancestrais dos espaços públicos conformam
uma janela que
convida a assomar-se e a explorar a apaixonante história de Olivença.
Expressados na sua
originária língua
portuguesa, constituem o testemunho vivo de uma cidade onde se
respiram duas culturas e
são um veículo que encoraja os mais novos a manter a língua que ainda
falam as pessoas
mais velhas do município. Para a associação Além Guadiana, trata-se de
uma iniciativa com
fins didáticos, culturais e turísticos, com a qual se resgata para o
presente uma parte
do passado oliventino.»
(CONTINUA)
(Parte 3 de 6)PEÇO AOS POLÍTICOS/JORNALISTAS/INTELECTUAIS...TENDO COMO BASE ESTE TEXTO EM TRÊS PARTES... QUE FAÇAM UM ARTIGO SOBRE O ASSUNTO (Parte 2 de 3) COMO CONSIGO QUE UM JORNAL PUBLIQUE ISTO UMA ESPÉCIE DE «DIA DE PORTUGAL»... DOIS DIAS DEPOIS
ResponderEliminarA inauguração das primeiras ruas com os nomes em Português, teve
lugar no meio de uma
espécie de festival promovido pela Associação citada, denominado
«Lusofonias». No sentido
de promover a cultura e a língua portuguesa, a organização do evento
elegeu como imagens
promocionais da iniciativa Amália Rodrigues, Fernando Pessoa e Vasco da Gama.
A "Além Guadiana" justificou estas escolhas: «São ícones de
Portugal e da sua
história. Como curiosidade posso dizer que os familiares de Vasco da
Gama são originários
de Olivença e desta forma vamos relembrar esse facto.»
A iniciativa cultural contou com a colaboração do Ayuntamiento de
Olivença, da
Associação para o Desenvolvimento Rural da Comarca de Olivença e da
Junta da Estremadura,
e consistiu ainda num vasto conjunto de actividades, entre as quais se
destacaram peças
de teatro, música, literatura e animação de rua.
Em paralelo, houve uma zona reservada a exposições, onde estiveram
artesãos, um
espaço dedicado à gastronomia e a instituições do espaço lusófono, bem
como trabalhos ao
vivo e animação musical a cargo de grupos de Portel (Évora).
Procedeu-se a uma leitura pública contínua em português, na qual
participaram
oliventinos de todas as idades lendo ou recitando na língua de Camões,
Este foi um dos
pontos altos que a organização destaca deste dia dedicado ao mundo lusófono.
Durante a manhã ocorreu também uma demonstração de folclore,
através do grupo "La
Encina" de Olivença e a atuação das Cantadeiras de Granja (Évora).
No período da tarde foi projectado no Espácio para la Creación
Joven, o filme "O Leão
da Estrela", e houve actividades de animação nas ruas, bem como ainda
a atuação dos
alunos de português da escola pública Francisco Ortiz, de Olivença.
A "Estória da Galinha e do Ovo" e "O Canto dos Poetas", ambos
interpretados pela
associação "Do Imaginário" de Évora, foram dos atractivos desta
iniciativa promovida pela
associação "Além Guadiana".
UM MERCADO MENSAL
O final de 2010 e o princípio de 2011 viram realizar-se mais uma
iniciativa deste
prolixo grupo oliventino: um mercado mensal de artesanato e
antiguidades portuguesas. O
primeiro efetuou-se a 11 de Dezembro de 2010, o segundo a 8 de Janeiro
de 2011. O terceiro
em 12 de Fevereiro de 2011. E assim por diante!
Pela primeira vez, em mais de duzentos anos, ressurgiu o mercado
antigo tradicional de
Olivença era aos Sábados, nas suas características originais. Na
verdade, este evento
efetua-se num local distinto do mercado mais convencional (Adro da
Igreja manuelina da
Madalena), que é no mesmo dia da semana.
Foi curiosa a primeira edição, não só pelo afluxo de interessados,
mas também por
algumas das motivações expressas. Muitas louças tradicionais (do
Redondo, por exemplo), e
mobiliário, também tradicional, foram adquiridos porque lembrava aos
compradores objectos
vistos em casa de antepassados seus, onde constituíam uma espécie de
relíquias. Note-se
que, na falta do seu tradicional mercado, muitos oliventinos, durante
mais de cem anos,
se deslocavam a Elvas ou a outras localidades, procurando obter os
produtos (então de
utilidade doméstica, ou de decoração) a que estavam tradicionalmente
habituados.(CONTINUA)
(Parte 4 de 6)
ResponderEliminarLANÇAMENTO DAS SEGUNDAS LUSOFONIAS NA "CASA O ALENTEJO" (12-Maio dwe 2011)
O Além Guadiana" não hesitou em avançar para uma nova edição de
Lusofonias, e tratou de fazer a sua divulgação na "Casa do Alentejo",
em 12 de Maio de 2011. A Imprensa portuguesa, ainda que convocada, não
compareceu em grande medida, cm excepção da Agência Lusa, que publicou
um excelente artigo sobre este grupo de oliventinos. São dessa
notícias as informações que se seguem.
«A associação 'Além Guadiana' apelou hoje a um maior apoio do
Estado português e das diversas instituições ligadas à cultura, para
"manter acesa a
chama" da língua portuguesa em Olivença.
"Falta apoio português. Não só do Estado, mas também das instituições
e dos media. Os
meios de comunicação social portugueses deveriam ir a Olivença ver as
coisas de outro
prisma", afirmou Eduardo Machado, que aproveitou para sublinhar que o
'terreno' da
associação "é apenas a cultura".
"Queremos tratar as coisas com naturalidade. Respeitamos todas as
posições, mas o nosso
terreno é a cultura", afirmou, referindo-se às rivalidades e preconceitos ainda
existentes e à necessária mudança de mentalidades, sublinhando: "O
português em Olivença
não é uma língua estrangeira".
O responsável falava na primeira iniciativa pública da 'Além Guadiana'
em Portugal, que
decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, e serviu não só para fazer um
balanço dos três
anos de atividades desta associação sem fins lucrativos mas também
para apresentar a
segunda edição do festival 'Lusofonias', que decorrerá em Olivença nos
dias 28 e 29 deste
mês.» (Fim da citação da Lusa).
E, na verdade, o novo festival de Lusofonias, de dois dias,
decorreu em 28 e 29 de Maio de 2011. (CONTINUA)
Parte 5 de 6
ResponderEliminarCONCLUSÃO:PEÇO AOS INTELECTUAIS/JORNALISTAS... TENDO POR BASE ESTE "RELATO" EM TRÊS PARTES...QUE FAÇAM UM ARTIGO SOBRE ISTO(CONCLUSÃO/PARTE 3 DE 3) COMO CONSIGO QUE UM JORNAL PUBLIQUE ISTO (CONCLUSÃO) O SEGUNDO FESTIVAL DE LUSOFONIAS (28 e 29 de Maio de 2011)
Teremos de fazer algumas considerações prévias, ainda que com o
risco de cair em "repetições".
É difícil descrever o que representou, ou representa, histórica e
culturalmente, este
"festival" de cultura portuguesa e lusófona para, e em primeiro lugar,
Olivença, para Portugal, e para o espaço lusófono. Trata-se, recordemos, do
renascer de toda uma Cultura (a portuguesa) num lugar onde, desde
1801, a mesma deixou de ser "oficial", e onde, durante cerca de
duzentos anos, muito se fez para a aniquilar. São habitantes locais,
oliventinos genuínos, que, sem entrarem em considerações politicas e
considerações sobre litígios de soberania, reivindicam a sua cultura
tradicional e a sua pertença ao espaço lusófono. É um tanto
confrangedor, para não usar expressões mais críticas que não se dê
maior destaque ao que ali ocorre em consequência disso.
No dia 28 de Maio, Sábado, após uma alocução das autoridades locais
(com a presença de todas as forças políticas oliventinas) numa curta
cerimónia de abertura, as "Lusofonias" foram oficialmente abertas ao
público. Pavilhões de instituições portuguesas e de comércio e
artesanato (com destaque para a doçaria), que se estendiam por duas
secções da antiga Carreira, numa amostra muito significativa da
cultura portuguesa. O grupo Gigabombos, de Évora, desfilou no local,
e, depois, por toda a cidade.
Seguiu-se uma leitura pública, essencialmente por oliventinos, de
textos em Português. Documentários e teatro, música, corais
alentejanos, bem como actuações de escolas locais (sempre ne língua de
Camões), seguiram-se pela noite fora. Note-se que estavam presentes
elementos culturais de vários países lusófonos, e não só de Portugal.
Uma exposição fotográfica, aliás apresentada com destaque, mereceu
muita atenção, intitulada "O meu olhar sobre a Olivença Portuguesa",
do oliventino Jesus Valério. Muita gente a elogiou.
À noite, houve um espectáculo público, um concerto do cantautor
espanhol (e extremenho) Luís Pastor, "padrinho" do evento, que teve o
cuidado de quase só usar a língua portuguesa, cantando temas
portugueses, e recordando grandes cantautores portugueses (a começar
por Zeca Afonso).
No dia 29 de Maio, Domingo, reabriu o espaço dos pavilhões, e actuou o
Rancho folclórico de Macieira da Lixa (Porto). Seguiram-se canções e
dramatizações, uma vez mais em Português e a "cargo" de alunos de
escolas locais, e ainda mais música por um grupo português. Só por
volta das 24.00 se deu por encerrado o evento, um sucesso que levará,
decerto, a Associação oliventina "Além Guadiana" a continuar a
esforçar-se por devolver a Olivença a sua cultura e língua
tradicionais, com iniciativas como esta ou outras similares, para além
de um trabalho contínuo e diário nesse mesmo sentido.
A dita Associação renova o apelo para que, em Portugal, e sem
preconceitos, haja uma maior divulgação das suas actividades, bem como
apoios, basicamente culturais, já que os seus objectivos são deste
teor, e não outros. É infelizmente necessário repetir que nem sempre
parece estar a haver uma clara
compreensão destes aspectos, o que muito se lamenta.
Parte 6 de 6 (CONCLUSÃO)
ResponderEliminarINTEGRAÇÃO NA LUSOFONIA
Só no dia 8 de Junho de 2011 a RTP, no "Portugal em Directo",
mostrou a boa reportagem que fizera em Olivença no dia 28 de Maio de
2011. Sirva de desculpa o período eleitoral que se vivia então em
Portugal. Afinal, os oliventinos só querem ser ouvidos, sem
discriminações.
"A língua de Camões fala-se ininterrompidamente em Olivença desde
finais do século
XIII". Estas são palvras do Presidente da Associação Além Guadiana, o
já citado Joaquín
Fuentes Becerra, "Este o mais importante legado português. Até meados
do século XX, 150
anos após a mudança de nacionalidade, a língua maioritária era o
Português, apesar de não
ter tido qualquer apoio institucional". Becerra acrescenta que, hoje
em dia, para além de
conservada pelos mais velhos, a língua portuguesa já está a ser
ensinada nas escolas.
"Estamos no caminho correto, mas faz falta uma aposta mais forte para
que a língua
portuguesa não se perca em Olivença. A língua é tudo". E, sem abordar
aspectos políticos,
Becerra reclama para a localidade a sua "INTEGRAÇÃO NA LUSOFONIA".
Parece que algo de novo, e talvez um tanto inesperado, está a
surgir no espaço
lusófono. Ignorá-lo, fingir que não existe, começa a ser impossível. E
insuportável!
Estremoz, 16 de Junho de 2011
Carlos Eduardo da Cruz Luna (FIM)..