Portugal vive presentemente o seu pior momento político. Os portugueses convivem, impotentes, com a loucura dos agentes políticos da democracia. Certamente arrependidos de lhes terem entregue o poder, a condução das suas vidas e do futuro.
Como num navio à beira de afundar-se, percebemos todos, nós os passageiros, que oficiais e marinheiros já não se entendem. Parte da tripulação está em pânico, outra parte, como se de piratas se tratasse, pensa no saque. Não sabem o que fazer. Uns gritam "Vira-se à esquerda", para logo de seguida outros dizerem "Não, é à direita". A anarquia é a imagem do convés. Impotentes, assistimos às discussões histéricas do comandante e dos imediatos pela posse da embarcação à deriva. Que, adivinha-se, a continuarem assim, será incapaz de resistir à tempestade que se aproxima. Ao longe avistam-se vagas alterosas.
Paira no ar uma desesperante sensação de fim de aventura. A consciência avisa-nos que o desastre será inevitável. Só um milagre.
Milagres? Já não se fazem!
Nem nos tempos conturbados da revolução de Abril se viveu tanta angústia. Na altura, apesar dos exageros, havia esperança. Acreditava-se no futuro, em mais trabalho, em melhores salários, em mais justiça, em mais saúde, em mais educação, em mais igualdade, em mais... Hoje, a precariedade tomou conta de nós. A austeridade acusa-nos de sermos perdulários, culpa-nos do descalabro a que o país chegou e exige-nos que devolvamos tudo aquilo que nos tinha transformado em seres dignos, àqueles que, seguramente, são os responsáveis pela fome e misérias do mundo: a Banca e a Alta Finança.
Mas se há responsáveis, estes são também o PS, PSD, CDS. Governam o país há demasiado tempo para se auto-excluirem da culpa. É no entanto aquilo que fazem. Sem vergonha, apoiados na nossa fraca memória.
Mário Soares meteu o socialismo na gaveta.
Cavaco Silva desbaratou os dinheiros que vinham de Bruxelas em investimentos improdutivos. O actual presidente da república, então primeiro-ministro, acabou com as pescas e com a agricultura ao pretender transformar Portugal num país de serviços. Além disso, é considerado o pai do monstro por todos os economistas isentos.
Portas, no último congresso do CDS, falou do défice com a arrogância dos mentirosos. Esqueceu-se de referir que a compra dos dois submarinos, enquanto ministro das tropas, muito contribuiu para esse mesmo défice.
Pedro Passos Coelho mente quando diz que é contra este PEC de Sócrates. Só a sua sede de poder o leva a induzir os portugueses a pensar que com ele será de novo o paraíso. Este país, como qualquer outro, está prisioneiro da Banca e da Alta Finança internacionais. Esta exigirá a Pedro Passos Coelho um outro PEC bem mais exigente, como resultado da instabilidade política em que o país se afundará com a queda do governo.
Chegados aqui é lícito perguntar pela solução.
Qual?
Um governo de salvação nacional que congregue todas as forças políticas, sem excepção, todos os parceiros sociais, sem excepção. Só assim evitaremos a crise e só assim daremos aos mercados internacionais, que diabolizamos mas de que precisamos, um sinal de unidade, um sinal de que passageiros e tripulação deitaram mãos à obra para evitar que a velha nau naufrague.
AOC
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