sexta-feira, 18 de março de 2011

ANGOLA-GREVE NA FÁBRICA CHINESA DO BOM JESUS


Greve na fábrica de cimento no Bom Jesus


Os trabalhadores da fábrica de cimento China Fund Limited (CIF), no Bom Jesus, Bengo, paralisaram as actividades laborais ontem, quinta-feira, 10. Os grevistas reclamam junto da direcção da empresa contratos de trabalho, alimentação condigna, transporte, aumento salarial, higiene e segurança no trabalho, seguro de saúde, segurança social, redução das horas no trabalho, televisor e ar condicionado nas casernas onde dormem.

Os funcionários disseram a O PAIS que a cozinha foi construída sobre uma fossa e “quando ela enche os vermes sobem e circulam no local onde os angolanos fazem as refeições”.

Segundo os grevistas, a comida oferecida “é uma miséria. No período da manhã, não passa de pão simples com alguns copos de leite Cowbell, mas aguado, fazendo lembrar quissângua”. A situação piora ao almoço, segundo alegam, porque comem apenas arroz branco e seco com peixe ou funge de milho, uma alimentação tida como inapropriada por eles que trabalham diariamente com produtos químicos.

Os grevistas disseram que os trabalhadores de nacionalidade chinesa têm melhores condições. Vivem em edifícios de quatro andares, com ar condicionado e uma alimentação condigna, ao passo que “os angolanos vivem em casernas com mosquito e calor”. “Os chineses são arrogantes, mandam e falam da forma como quiserem para os angolanos, sentem-se protegidos”, adiantaram os descontentes.

Uma chinesa, conhecida por Ana, terá agredido fisicamente uma cidadã angolana, esta chamou a Polícia e levou-a até à esquadra nos arredores do Bom Jesus, mas nada aconteceu à cidadã asiática. Os chineses escusam-se a falar o português “arranhado” para não atenderem as reclamações dos cidadãos angolanos, principalmente quando se dirigem à direcção dos recursos humanos.

Os angolanos têm encontrado muitas dificuldades para se deslocarem a Bom Jesus. A maioria vive em Luanda, mas por começarem a labutar a partir das sete horas, são obrigados a passar a noite nas casernas. “Quem for para a casa, vê-se obrigado a estar no local de serviço às mesmas horas do dia anterior e se chegar tarde não pode justificar o seu atraso”, segundo se queixaram.

Na empresa de cimento em questão o salário base é de 14 mil Kwanzas; um motorista aufere 300 dólares norte-americanos, mas se faltar, ainda que justifique, sofre desconto, por mais que reclame não é atendido. Mesmo estando doentes, os trabalhadores angolanos são obrigados a trabalhar e se faltarem correm o risco de ser imediatamente despedidos ou descontados, ainda que levem justificativo médico, referem ainda.

Com a onda de despedimentos em massa, os chineses preferem contratar miúdos, de preferência os que têm proveniência do Huambo, Bié e Kwanza Sul por serem mais obedientes, mas sem idade para trabalhar, dizem ainda os amotinados.

A cimenteira produz 250 mil sacos de cimento por dia e os operadores são obrigados a encher 50 camiões por dia e cada “traile” leva mais de 500 sacos, que pode estar avaliado, segundo os angolanos em 5.700 dólares.

Os angolanos afirmam também que alguns motoristas chineses conduzem com cartas de condução da SADC, exibindo-as no peito como se fossem cidadãos nacionais; há quem questione quem passou tais documentos.

O representante da comissão negociadora da greve, Pedro João, camionista, disse que ganha 300 dólares e, de quando em vez, é descontado sem explicações da direcção, facto que o deixa muito agastado. João avançou que os patrões não querem saber dos fins-de-semana, muito menos de doenças e quando se lhes fala de horas extra, “eles estão nem aí porque têm protecção”. O representante da comissão afirmou que os chineses tratam os angolanos de “burros”, por isso decidiram entrar em greve, para ver se os mesmos respondem ao caderno reivindicativo que fizeram chegar à direcção.

O responsável pela comissão de negociação e alguns colegas seus foram chamados pela direcção da empresa para negociarem, mas tinham de entrar um de cada vez, nunca em bloco. João pediu aos seus colegas para se retirarem do gabinete, alegando que esse tipo de negociação ia pôr em risco a situação do colectivo na empresa, porque podiam ser corrompidos.

O representante da comissão de negociação pediu para que a equipa de reportagem entrasse para constatar “in situ” as condições de trabalho, os chineses orientaram os efectivos das FAA presentes no local a não deixarem ninguém entrar.

João disse ainda que alguns soldados das Forças Armadas estão solidários com eles porque o trabalho não é devidamente remunerado ,mas não podem fazer nada, estão apenas a cumprir ordens superiores.

Depois de os trabalhos paralisarem, os chineses dirigiram-se à esquadra da Polícia Nacional nos arredores, dizendo que os angolanos estavam a desobedecer, mas não foram bem sucedidos.

Integrante da comissão Sindical, Dona Maria, funcionária dos recursos humanos, preferiu não falar por temer represálias, até porque a equipa a que pertence não é tida pelos empregadores. É das poucas funcionárias que fala inglês e consegue traduzir aos colegas quando alguns chineses se exprimem em inglês.

Elísio Cassule, trabalhador do sector do enchimento, sofreu um acidente de trabalho na semana passada mas não foi atendido pelas autoridades da fábrica. O funcionário por pouco perdia a visão, pois cairam-lhe mais de dois sacos de cimento quente na cara.

Cassule adiantou que nem sequer foi levado ao hospital e que os patrões chineses o obrigaram a trabalhar no dia seguinte, mesmo impossibilitado de enxergar convenientemente os sacos que passavam na esteira.

Quem o destino quis que se acidentasse nestas condições de trabalho foi José João. Ao entrar para um buraco na zona onde se obtém a matériaprima para o fabrico do cimento dois ferros aguçados rasgaram-lhe os pés. O acidentado desconfia que terão sido os chineses que deixaram os ferros no local. Não foi levado a nenhum posto médico. Um colega levou-lhe à casa, mas quando regressaram todos levaram faltas e vão ser descontados.

A cidadã chinesa Lucy, dos recursos humanos, explicou que os trabalhadores estavam a exigir demais e a trabalhar pouco. Disse ainda que as exigências dos funcionários são demasiadas e que não estavam dispostos a dar o que pedem, porque “o trabalho não condiz na realidade”.

Depois de algum alvoroço, Lucy não aceitou prestar mais declarações à equipa de O PAIS. Exigia que se apresentasse um documento autorizado pelo Executivo para poder dar mais detalhes sobre o assunto.


Sebastião Félix
11 de Março de 2011


1.nigga
2011-03-17 14:28:40
daqui a pouco os estrangeiros nos vão expulsar de angola

2.jonas savimbi
2011-03-15 15:29:13
se fosse no tempo do meu marchal, estes gajos apanhavam tunguto. A situação em angola esta ficar precária, um dia o próprio governo não terá pernas para travar está mentira que se vem arrastando. porque está empresa é de algum chefe e o próprio angolano não tem amor ao angolano. Será que é preciso ser branco? Eu respondo por vocês não nós os africanos temos de deixar de pensar que o poder é eterno porquê não é.

3.nel
2011-03-13 20:16:44
Estes sim são os verdadeiros colonizadores ,opressores e exploradores

4.asdrubal
2011-03-12 10:16:21
EE assim a china tornou-se um pais poderoso assim. A nao repeitar os direitos humanos. isto ee muita confianca que voces estao a dar nestes chines comessam a matar eles

5.mbuba
2011-03-12 08:47:08
este pais esta mal ninguem faz nada por nacionas isto vai continuar enquanto o mpla estiver no
6.chadio pereira
2011-03-12 02:03:45
epa esta MERDA aaim tambem ja nao, come entao aonde esta o amor aos angolanos?, PO.RRA a terra e nossa e estes chineses teem de nos respeitar, ate direitos de trabalhadores nao dao, xe estao a pensar o que? so peco a direccao da policia economica ver este caso, estes chineses ja querem mandar na nossa terra isso nao pode, ainda por-cima teem carta da SADC, epa to mesmo bwe fodido com esta noticia, assim ta bom MWANGOLES fazem mesmo greve, manda lixar quem esta a defender estes merdas dos chineses, se nao respeitarem e darem boas condicoes nao voltem ao trabalho e metem o caso no tribunal forca ai MWANGOLES


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A equipa de O Pais - O Jornal da Nova Angola.

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