sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MAHATMA GANDHI E O DIA INTERNACIONAL DA NÃO-VIOLÊNCIA


AS CASTAS, A RELIGIÃO E A MULHER
Gandhi, dizia repetidas vezes aos hindus, que deus não era monopólio das castas mais elevadas. Desta forma, as portas de todos os templos hindus, deveriam estar abertas para toda a gente, principalmente para as castas mais baixas. Importa referir que, depois de ter atingido a idade adulta, gandhi nunca entrou em qualquer templo hindu, embora tivesse nascido no seio de uma familia hindu de casta superior, “vanijya”, culta e abastada.
Com o objectivo de se eliminarem as divisões entre as pessoas que constituem uma sociedade, gandhi defendia que deveriam ser prestados cuidados especiais aos pobres e às pessoas das castas mais baixas. Como é do conhecimento comum, a india é uma sociedade organizada com base num injusto sistema de castas, contra o qual o mahatma se revoltou intensamente. A casta de nível inferior é vulgarmente chamada “shudras”, ou a casta dos intocáveis. Aos intocáveis, gandhi preferiu chamar “harijan”, que significa “filhos de deus”. Foi também com este nome que gandhi intitulou o seu jornal “harijan”.
Tradicionalmente a india (as outras sociedades não constituem excepção) tratava a mulher, como pertencendo ao segundo sexo, sexo fraco e, neste sentido, era tratada como escrava. A sua obrigação fundamental era a de servir e obedecer ao homem. Gandhi de igual modo se revoltou contra esta condição da mulher.
No contexto da sua filosofia e durante a luta da india pela sua independência, gandhi definiu e difundiu o seu conceito de estado ideal: “ o estado ideal será aquele em que, um dia, a chefia do estado da india for exercida por uma mulher harijan. Isto corresponderia á libertação da antiga escravidão de casta e discriminação contra as mulheres. Com esta declaração, gandhi provocou uma profunda ruptura no sistema de castas e, por conseguinte, no estatuto de inferioridade da mulher, patente em todas as castas.
Para o mahatma, a mulher e o homem são iguais, declarando mesmo que, em alguns casos, a mulher desempenha funções mais importantes do que o homem. “A mulher sofre quando dá à luz uma criança. É também ela que a alimenta com o seu próprio sangue durante nove meses, após os quais, continua a alimentá-la com o seu próprio leite.”
Para gandhi, “a mulher faz muito mais sacrifícios do que o homem. É capaz de se multiplicar em diversas funções. Pela sua condição natural, a mulher é a mãe da humanidade. Primeira educadora e arquitecta da nação, do futuro e de toda a humanidade”.
Desta forma, gandhi apela ao homem que aprenda a respeitar a fundadora da humanidade. Quando esteve na áfrica do sul, em 1913, gandhi encorajou a sua esposa kastur, a tomar parte activa na luta contra a lei injusta do casamento dos cidadaos não-brancos.
Kastur participou tão activamente, juntando a si centenas de mulheres, que acabou por ser feita prisioneira, pelo governo do apartheid da áfrica do sul. Para gandhi, a prisão de kastur significou a sua própria libertação, assim como a libertação de todas as outras mulheres. Mais tarde, quando gandhi regressa á india, orienta um movimento social, fazendo com que milhares de mulheres entrem nas prisões da india, pelo que passaram a ser chamadas “filhas corajosas”.
De facto, nenhuma nação pode ser perfeita, enquando as mulheres não participarem activamente em todos os domínios da vida pública, como parceiras, colegas e amigas do homem. A natureza não fez a mulher fraca e escrava. Foi o homem que, ao longo dos séculos, lhe atribuiu esta condição. A mulher deverá ser suficientemente corajosa para mudar esta situação e o homem deverá estar a seu lado nesta luta, através da qual também se libertará para que, desta forma, a civilização humana se torne finalmente forte, saudável e feliz. A mulher é, para gandhi, a fonte poderosa para a transformação da humanidade.
O seu conceito de liberdade é totalmente abrangente, incluindo cada aspecto da vida humana. Gandhi, quis que a india e que toda a humanidade, se libertassem de qualquer forma de dominação. A sua noção de liberdade, não está apenas restrita à vida política dos países. Durante toda a sua vida trabalhou arduamente para reunir pessoas de diferentes ideais e ideologias políticas. Sabendo ser um trabalho difícil, continuou-o até ao fim da sua vida. Experimentando com a unanimidade da verdade, algumas vezes foi bem sucedido, noutras falhou redondamenente. Mas nunca se tornou um pessimista, pois a busca pela veradade, não o permitia.
Anil Samarth,
Professor - samarthanil@gmail.com

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