Jornalistas amordaçados
Angola, onde morreram dois jornalistas em 2010, é o único país africano lusófono visado no relatório do Comité para a Proteção de Jornalistas, que questiona também o fim da postura crítica por três jornais independentes comprados por um grupo económico dominado por
figuras influentes do regime.
Uma das mortes referidas no relatório “Ataques à Imprensa em 2010”, apresentado em Nova Iorque, é a do jornalista togolês Stanislas Ocloo durante o Campeonato Africano de futebol em Janeiro de 2010, no atentado de rebeldes independentistas contra a seleção de futebol do Togo
em Cabinda, cuja cobertura independente o governo “procurou condicionar”, diz o CPJ.
Citando jornalistas angolanos, o CPJ diz que a Rádio Ecclésia foi pressionada, juntamente com a comunicação social detida pelo Estado, para não emitir os relatos dos seus repórteres no terreno sobre o atentado, e que o repórter da Voz da América, José Manuel Gimbi, foi ameaçado de morte.
Ainda em 2010, três jornais que “reportavam de forma ativa a corrupção no governo” –Angolense, A Capital e Novo Jornal – foram comprados por uma empresa desconhecida de nome Media Investments S.A., comentando- se localmente que a “cobertura tímida” após a aquisição mostra que está “aliada ao partido no poder”, o MPLA.
Em Agosto, um número de A Capital não chegou às bancas, incidente que a empresa proprietária atribuiu a um problema técnico, mas fontes locais do CPJ dizem que o motivo terá sido um artigo crítico de uma intervenção do presidente sobre habitação.
Graça Campos, ex-diretor do Angolense, relatou que o jornal enfrentava problemas financeiros porque o governo pressionava privados a não inserir publicidade, à semelhança do que faziam as entidades públicas.
Após a aquisição, o jornal voltou a ter publicidade estatal, disse ao CPJ.
O episódio mais violento registado pela organização não governamental é o homicídio de Alberto Graves Chakussanga, de 32 anos, a 5 de Setembro.
Apresentador de um programa semanal na Rádio Despertar, alinhada com a oposição, foi encontrado morto dentro de casa, alvejado pelas costas, em Viana, de onde desapareceu
apenas uma botija de gás.
Ainda em Setembro, um comentador da mesma rádio, António Alves da Silva (“Jójó”) foi esfaqueado depois de ter sido alvo de ameaças, aparentemente relacionadas com um comentário crítico à ausência dos temas da corrupção e criminalidade de um discurso presidencial.
Outro caso relatado é o dos disparos de que foi alvo a 22 de Setembro o repórter da TV Zimbo
Norberto Abias Sateko, que tinha noticiado de forma crítica a demolição de habitações na província da Huíla. Sateko foi ferido numa perna, e, tal como nos dois anteriores casos, ninguém foi detido, segundo “Ataques à Imprensa em 2010”.
Fora de Luanda, refere o CPJ, órgãos de informação “são raros” e os jornalistas “operam à mercê da polícia e administração local”, que muitas vezes “abusam da sua autoridade
para suprimir críticas”.
A organização relata ainda as dificuldades de jornalistas estrangeiros para obter vistos, acreditações ou autorizações para reportagens.
No que ao Novo Jornal diz respeito, o relatório do Comité para Protecção de Jornalistas peca por falta de informação e defeito de apreciação.
Primeiro porque nem o Novo Jornal nem a New Media, sua proprietária, foram comprados por qualquer Media Investments, segundo, e mais importante, a sua linha editorial não sofreu qualquer alteração de nenhuma ordem, mantendo-se igual desde a sua primeira edição,
já lá vão três anos!
figuras influentes do regime.
Uma das mortes referidas no relatório “Ataques à Imprensa em 2010”, apresentado em Nova Iorque, é a do jornalista togolês Stanislas Ocloo durante o Campeonato Africano de futebol em Janeiro de 2010, no atentado de rebeldes independentistas contra a seleção de futebol do Togo
em Cabinda, cuja cobertura independente o governo “procurou condicionar”, diz o CPJ.
Citando jornalistas angolanos, o CPJ diz que a Rádio Ecclésia foi pressionada, juntamente com a comunicação social detida pelo Estado, para não emitir os relatos dos seus repórteres no terreno sobre o atentado, e que o repórter da Voz da América, José Manuel Gimbi, foi ameaçado de morte.
Ainda em 2010, três jornais que “reportavam de forma ativa a corrupção no governo” –Angolense, A Capital e Novo Jornal – foram comprados por uma empresa desconhecida de nome Media Investments S.A., comentando- se localmente que a “cobertura tímida” após a aquisição mostra que está “aliada ao partido no poder”, o MPLA.
Em Agosto, um número de A Capital não chegou às bancas, incidente que a empresa proprietária atribuiu a um problema técnico, mas fontes locais do CPJ dizem que o motivo terá sido um artigo crítico de uma intervenção do presidente sobre habitação.
Graça Campos, ex-diretor do Angolense, relatou que o jornal enfrentava problemas financeiros porque o governo pressionava privados a não inserir publicidade, à semelhança do que faziam as entidades públicas.
Após a aquisição, o jornal voltou a ter publicidade estatal, disse ao CPJ.
O episódio mais violento registado pela organização não governamental é o homicídio de Alberto Graves Chakussanga, de 32 anos, a 5 de Setembro.
Apresentador de um programa semanal na Rádio Despertar, alinhada com a oposição, foi encontrado morto dentro de casa, alvejado pelas costas, em Viana, de onde desapareceu
apenas uma botija de gás.
Ainda em Setembro, um comentador da mesma rádio, António Alves da Silva (“Jójó”) foi esfaqueado depois de ter sido alvo de ameaças, aparentemente relacionadas com um comentário crítico à ausência dos temas da corrupção e criminalidade de um discurso presidencial.
Outro caso relatado é o dos disparos de que foi alvo a 22 de Setembro o repórter da TV Zimbo
Norberto Abias Sateko, que tinha noticiado de forma crítica a demolição de habitações na província da Huíla. Sateko foi ferido numa perna, e, tal como nos dois anteriores casos, ninguém foi detido, segundo “Ataques à Imprensa em 2010”.
Fora de Luanda, refere o CPJ, órgãos de informação “são raros” e os jornalistas “operam à mercê da polícia e administração local”, que muitas vezes “abusam da sua autoridade
para suprimir críticas”.
A organização relata ainda as dificuldades de jornalistas estrangeiros para obter vistos, acreditações ou autorizações para reportagens.
No que ao Novo Jornal diz respeito, o relatório do Comité para Protecção de Jornalistas peca por falta de informação e defeito de apreciação.
Primeiro porque nem o Novo Jornal nem a New Media, sua proprietária, foram comprados por qualquer Media Investments, segundo, e mais importante, a sua linha editorial não sofreu qualquer alteração de nenhuma ordem, mantendo-se igual desde a sua primeira edição,
já lá vão três anos!
(artigo publicado no NOVO JORNAL, de Angola, edição 161, de 18 Fevereiro 2011)
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