quarta-feira, 10 de novembro de 2010

SALAZAR TORNOU-NOS MEDROSOS E MÍOPES


Os portugueses têm vícios enraizados, que no estrangeiro desaparecem e em Portugal fazem parte do sistema. Habituámo-nos a considerar normais comportamentos que são anormais e toleramos instituições e métodos que em países regrados teriam sido removidos como um obstáculo ou criminalizados e punidos.

Achamos normal Portugal ser, em 178 países, o 32º mais corrupto.

Porque o sistema de Justiça não funciona. E porque somos cúmplices da corrupção. Achamos normal que um autarca condenado por corrupção continue a ser presidente de câmara. Achamos normal que ex-ministros sejam arguidos num caso de corrupção e esperem anos por uma sentença definitiva. Achamos normal que exista um sistema de Justiça feito para os ricos, e para os honorários milionários, e outro para os pobres. Achamos normal que os crimes prescrevam antes de irem a julgamento. Achamos normal que os magistrados, num momento em que são pedidos sacrifícios nacionais, mandem o seu representante sindical dizer que são perseguidos no corte do salário. Achamos normal que outro representante sindical do Ministério Público diga que o relatório do Conselho da Europa sobre Justiça foi manipulado pelo Governo para denegrir a justiça portuguesa.

Não crescemos porque, entre outras coisas, o sistema de Justiça não funciona nem é céçere, e porque a corrupção se disfarça de burocracia. Chegados ao modelo falhado devíamos estar a arregaçar as mangas e a cavar um novo trilho, com gente nova. Certo? Errado.

Cavaco Silva, que foi o maior responsável desse modelo falhado, recandidata-se como se nunca tivesse estado lá e confessa-se "triste" com a nossa crise. Catroga, o homem que o PSD arranja para a mesa das negociações com o PS, sobre o Orçamento, é o mesmo que conhecemos do tempo de Cavaco primeiro-ministro. Ou seja, um dos responsáveis. Entre Catroga e Teixeira dos Santos descubra as diferenças.

Como dizia o príncipe Salina, é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma.

(EXCERTOS DE UMA CRÓNICA PUBLICADA NA REVISTA ÚNICA, EM 30.10.10, DE CLARA FERREIRA ALVES)

3 comentários:

  1. só pelo titulo era capaz de afirmar que não sabe nada do que escreve ,enfim da-se um titulo populista que fica sempre bem , mas a malta vai percebendo de historia ...

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  2. Meu caro 1143, é a sua opinião, mas isso não lhe dá o direito de menosprezar a arte de escrita de Clara Ferreira Alves, distinta e credenciada jornalista da nossa praça. Quanto à arte do anónimo 1143, desconheço-a.
    A falta de visão política de Salazar, com as suas leis de condicionamento industrial, com o seu medo da realidade e do mundo, com a sua visão medieval do império, com a pequenez dogmática da sua intelectualidade, conduziu Portugal e o seu povo ao beco em que nos encontramos. Ou já se esqueceu de como vivia este povo no tempo antigo? Eu recordo-me! As pessoas eram cinzentas, viviam descalças, com fome, sem electricidade nas aldeias, sem estradas, sem telefones, sem acesso ao ensino. Claro que o medo as tornava disciplinadas, obedientes, sem vontade própria, sem opinião, ignorantes. Era isso que o "1143" queria para o "seu" povo?
    O mais triste no meio disto tudo é que Portugal, na altura senhor das imensas riquezas de Angola e Moçambique, nem sequer como colonizador soube tirar partido delas. Aproveitam-nas agora americanos, franceses, chineses, espanhói, judeus, libaneses, russos, ingleses e a elite no poder. Salazar tinha medo de novos "brasis", tinha medo do seu próprio povo e esse atavismo formatou durante dezenas de anos o povo que hoje somos, sem capacidade para reagir contra a classe política que nos tem governado, PS e PSD. Míopes.
    O 25 de Abril foi um grito de revolta e se as coisas correram mal isso deve-se a Cavaco silva, a Guterres, a Soares, a Sócrates e à incapacidade dos eleitores.
    Todos eles, PS e PSD, geriram mal, desbarataram, os milhões que a União Europeia remeteu para os cofres públicos portugueses.
    Salazar preferia camponeses conformados a operários reivindicativos, a Assembleia Nacional sem oradores a um Parlamento truculento, o ostracismo a que o país estava votado à visibilidade do desenvolvimento. Infelizmente há ainda muitas pessoas a pensarem como o meu caro 1143, a minha esperança é que com o rodar dos anos a inexorável lei do tempo os vá calando.
    É verdade que o país vai mal, muito mal, mas não é com saudosismos que ultrapassamos a crise, é com visão de futuro, com soluções inovadoras que os políticos que lá estão (sempre os mesmos) já provaram não serem capazes de encontrar.
    AOC

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  3. "As pessoas eram cinzentas, viviam descalças, com fome, sem electricidade nas aldeias, sem estradas, sem telefones, sem acesso ao ensino. Claro que o medo as tornava disciplinadas, obedientes, sem vontade própria, sem opinião, ignorantes."
    Realmente não sabe nada do que escreve , usa e abusa das frases feitas por radicais de esquerda , a verdade é que uma mentira ditas muitas vezes torna-se verdade , termino como da outra vez a malta vai sabendo de historia e os mitos criados caem como castelos de cartas , muitas das coisas que disse não haver foi precisamente o estado novo que as trouxe , criou ou iniciou o acesso a elas , depois temos de incluir o espaço temporal das mesmas e perceber o mundo , o que acontecia e o que havia na época , só assim seremos independentes e verdadeiros , um bom e santo natal para si e para a sua família .

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