segunda-feira, 9 de agosto de 2010

RAMADÃO - DIREITOS E LIBERDADES



No próximo dia 11 de Agosto, milhões de muçulmanos pelo mundo começam a observar o jejum ritual do Ramadão, o nono mês do calendário lunar islâmico, que se inicia quando no céu se avista o primeiro crescente da Lua Nova. Por um mês, até 9 de Setembro, os crentes ficam obrigados a cumprir um dos cinco pilares do Islão, jejuando da aurora ao crpúsculo e abstendo-se de fumar, beber - nem água - ou ter sexo, nessa parte do dia.
É um período de ascetismo, de reflexão religiosa partilhada com familiares e amigos. Também de muita festa, em família, para o iftar, a primeira refeição do dia, depois do sol se pôr. Tâmaras, qatayef (panquecas doces ou carne de um animal morto segundo as regras - alimentos halal, autorizados - costumam marcar presença, à mesa.
Até à década de 1970, jejuar durante o Ramadão não era um acto obrigatório em grande parte do mundo muçulmano. Mas após o choque petrolífero de 1973, os petrodólares foram afluindo às monarquias do Golfo Pérsico, que começaram a financiar a construção demesquitas e escolas corânicas onde quer que, no mundo, houvesse comunidades muçulmanas. Com isso exportaram, também a observância estrita de regras sobre mulheres, a educação e as práticas religiosas. A obrigatoriedade do jejum ritual foi-se globalizando. Hoje, em Aceh, na Indonésia, quem faltar ao jejum sujeita-se a receber chicotadas. No Egipto, foi aprovada, no ano passado, ligislação consagrando a não observância do Ramadão como ofensa punível com prisão.
(excerto de um texto publicado na revista Visão em 5/8/2010)
PS: Na passada semana, os Taliban da Al Qaeda mataram oito médicos acusados de serem missionários do Ocidentes. Imaginem que, na Europa, começávamos a cumprir as leis do Velho Testamento: "Olho por olho, dente por dente" Não o fazemos porque, no Novo Testamento, Cristo apelou ao perdão, sugerindo a oferta da "outra face"... e porque as democracias nos ensinaram a aceitar como iguais homens e mulheres, como iguais, sem excepção, todas as orientações religiosas. O homem não é superior à mulher e o islamismo não é melhor que qualquer outra confissão, como ensinam os padres de Maomé. Pena é que as hierarquias religiosas islâmicas, que pregam o seu credo nas mesquitas do Ocidente, não se demarquem pública e vigorosamente dos crimes que alguns dos seus chefes e ditadores andam a cometer pelo mundo. Se querem viver em paz, ser respeitados sem desconfianças, no seio das democracias ocidentais, deviam fazê-lo com veemência. A opinião pública ocidental começa a ficar farta de ser apunhalada pelas costas e um sintoma deste mau estar é o facto de os movimentos políticos radicais de direita estarem a somar votos. Cuidado!

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