O Estado português gasta 5,3% do PIB em educação, ou seja, o mesmo que outros países europeus. Contudo, o retorno deste pesado investimento é bem pior que o conseguido noutras latitudes. Apenas 0,8% dos alunos portugueses conseguiram nota máxima a matemática enquanto a média europeia atinge os 3,3%. Igual desastre acontece na aprendizagem da língua materna e em matérias relacionadas com as ciências. Esta é a indesmentível realidade por mais que o Ministério da Educação manipule os resultados.
Mas o que é grave neste desperdício é que ninguém se preocupa em, definitivamente, alterar-lhe o rumo. Pelo contrário, a demagogia do facilitismo toma conta dos sucessivos ministros da educação. Sindicatos e os professores, por seu lado, restringem as suas preocupações às progressões na carreira, aos salários, aos horários de trabalho( nenhuma outra profissão tem tantas pausas no trabalho: férias no Natal, na Páscoa, no Carnaval e no final do ano lectivo). Os alunos aparecem em todo este processo não como preocupação de um investimento bem feito, mas apenas como razão de ser que justifica a existência de uma pesada máquina de burocratas indiferentes.
É legítimo, por isso, que nós, cidadãos preocupados, sejamos assaltados, ano lectivo após ano lectivo, por uma série de interrogações.
Será a qualidade dos professores a responsável pelos maus resultados?
Estarão os curriculos desadaptados da realidade social e do mercado de trabalho?
Será o desconforto da arquitectura dos edifícios escolares responsável pelo desinteresse dos alunos?
Será que tudo se resume, afinal, à má formação dos pais e consequentemente à má qualidade dos alunos?
Será que a falta de autoridade da Escola, dos professores, do Ministério da Educação e dos pais conduz à indisciplina e à ideia de que não é preciso estudar/trabalhar para se ter sucesso?
Será que uma estranha mutação genética nos jovens lhes reduziu o QI?
Será falta de auto-estima e de ambição?
Será que a crença nos milagres de Fátima leva alunos, pais, professores e ministra a pensar em soluções milagrosas?
Será a crença de que a protecção do Estado e dos Sindicados lhes encherá, para sempre, o frigorífico e o depósito do carro?
A estas questões, o poder político evita responder com seriedade. O Ministério da Educação continua a apostar em maus programas, a fazer exames indigentes, a desprezar a formação científica dos docentes, a pensar num sistema educativo feito à medida dos professores e não dos alunos, a criar cursos para dar emprego a todos menos aos estudantes.
Há, neste momento, no mercado de trabalho, licenciados com alto grau de formação que não encontram ocupação ou que se ocupam de tarefas para as quais a sua formação é inútil. É não só um enorme desperdício dos poucos recursos que o país consegue gerar como razão de enormes traumas sociais.
Este fim de semana, Isabel Alçada veio dizer para os órgãos de informação que reprovar alunos em nada ajuda a qualidade do ensino e que é, por isso, necessário mudar as regras da avaliação. Quero saber se, quando estes jovens acabarem os seus estudos e forem procurar trabalho, habituados que estão ao facilitismo, estarão preparados para aceitar as regras exigentes, a disciplina, a competividade de um mercado que não terá pena dos mais fracos. Estamos a criar uma geração de descontentes, de revoltados, de mão-de-obra dócil.
Mas talvez tudo isto seja intencional, porque os filhos das elites continuarão a frequentar os bons e exigentes colégios, as boas e exigentes universidades e a preparar-se para o poder ou seja, para a partilha da riqueza entre si. Os pais deviam estar mais atentos e exigir mais do governo, dos professores e dos seus educandos, caso contrário, estejam cientes, andam a passar-vos rasteiras!
(Crónica da Semana -AOC)
Que me perdoem as senhoras,principalmente no Ministério da Educação,mas já é um azar e desatre completo...por favor retirem-se.
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