sexta-feira, 18 de junho de 2010

MALABAR




Romance de Mário de Sousa Cunha

…Tenho dificuldade em imaginar como será o futuro de Portugal, se esta perda contínua de pessoas não abrandar. A terra despovoa-se da melhor gente que tem, dos mais ambiciosos e curiosos, dos mais aventureiros e corajosos. E quem fica são os que não têm força, nem garra, nem empreendimento, os cobardes e os medrosos; os obedientes e os que nada desejam para além da escudela de sopa com que se alimentam todos os dias.
…..Imaginai o futuro da nossa terra, entregue aos filhos e aos netos desta gente, nados e criados no exemplo da preguiça e da facilidade…A diáspora que agora afecta o Reino não tem como único inconveniente campos despovoados e falta de gente nos ofícios das vilas e cidades. Possivelmente, o mais gravoso está ainda por vir: a preponderância, na comunidade, de um modo de ser e de encarar a existência medíocre e acomodado, inimigo da criação e da invenção, mesquinho e invejoso. Tudo porque os outros, os melhores, os mais nobres, os mais bravos e corajosos se foram embora e deixaram a terra entregue a essa gente!

(excerto do romance histórico MALABAR, publicado pela Bertrand Editora em 2008)

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