segunda-feira, 28 de junho de 2010

HIPOTECAR O FUTURO


A NOVA REPÚBLICA E AS SANGUESSUGAS

…O Governo tem dificuldade em compreender o essencial. Demorou a perceber que tinha de dar o exemplo e só relativamente tarde decretou o corte de 5% nos seus próprios vencimentos e nos de outros políticos.
…Infelizmente a dimensão do Estado foi deixada em paz. Acaso vimos cortes na caterva de institutos públicos que mais não fazem do que duplicar serviços de Estado? Nos governos civis que ninguém sabe para que servem? Nos inúmeros departamentos que se destinavam a tarefas que, entretanto, se tornaram obsoletas? Nos inúmeros municípios e autarquias que, por questões de dimensão, já nem têm razão de existir? No número infindável de assessores? No recurso a gabinetes de advogados?
Nada disso de viu, porque à sombra destes organismos vivem inúmeros boys cuja maior utilidade é rodarem ao sabor dos poderes sucessivos, de que são o mais fiel suporte.
… O Governo tem pela frente uma crise monstruosa. Mas também tem o seu destino marcado (seria milagre ganhar de novo eleições). Bem podia, como última vontade, arrumar a casa.
…Ficaria para a História por bons motivos e não como mais um Governo que deitou o futuro a perder.
Quem sabe se assim ganharia o país?
(Excerto de um texto de Henrique Monteiro publicado no jornal Expresso de 26 de Junho de 2010)

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