“O Ministério do Ambiente chumbou a construção da barragem de Pedroselos, no Alto Tâmega. Motivo: a descoberta de que ali vive uma espécie em vias de extinção, conhecida por mexilhão do rio.
Não sei o mais admirar: se o Ministério do Ambiente, que nunca tinha dado por que no Alto Tâmega se desenrolava este drama, se a Iberdrola, que ao investir ali, alertou para a tragédia; se o próprio mexilhão, que mesmo à beira da morte, conseguiu fazer ouvir a sua voz desesperada.
Interroga-se o leitor mas que importância transcendente tem o mexilhão do rio em Portugal? Não sabe. Mas o certo é que a Iberdrola, que já pagou 303 milhões de euros ao Estado português pela construção de quatro barragens no Alto Tâmega, ou constrói esta noutro local ou redistribui a potência das outras quatro por apenas três. Isto, claro, se nas margens das outras não se descobrir que uma raríssima pulga da areia está em vias de extinção…Decididamente, o ridículo não mata. Mas custa imenso tempo e dinheiro.”
(Texto de Nicolau Santos, publicado no jornal Expresso de 26 de Junho de 2010)
Entretanto, queremos energia barata nos frigoríficos, nas lâmpadas lá de casa, nos telemóveis, nas televisões, aquecimento no Inverno, ar condicionado no Verão, avenidas iluminadas, carros eléctricos, indústrias competitivas, agricultura moderna; pelo caminho manifestamo-nos contra o nuclear, contra a utilização de combustíveis fósseis, contra a poluição ambiental das torres eólicas. Enfim, salva-se o mexilhão e definhamos nós…
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