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NÃO É MEU HÁBITO RESPONDER AOS COMENTÁRIOS FEITOS PELOS LEITORES DE "A ESPECIARIA". O DIREITO À OPINIÃO LIVRE É UMA DAS CONQUISTAS DA DEMOCRACIA, CONVÉM NÃO O ESQUECER. AQUELES QUE SE RECORDAM DOS TEMPOS CINZENTOS DE OUTRORA TÊM, MAIS DO QUE NINGUÉM, O DEVER DE DEFENDER ESSA LIBERDADE. NO ENTANTO, CARO DIOGO AZEVEDO, PORQUE A MINHA FORMA DE INTERPRETAR A HISTÓRIA É DIFERENTE DA SUA, ATREVO-ME A RECORDAR ALGO QUE, JULGO, FICOU CLARAMENTE EXPRESSO NO MEU ROMANCE. NÃO INTERESSA AQUI DISCUTIR SE OS FACTOS UTILIZADOS PARA SUPORTE DO ENREDO SÃO VERÍDICOS OU FALSOS. O IMPORTANTE É PERCEBER QUE, QUANDO SE ENVEREDA PELA GUERRA, HÁ SEMPRE UM RISCO, O DE SABER PARA QUE LADO PENDERÁ A VITÓRIA. EM TODAS AS GUERRAS HAVERÁ SEMPRE UM EXÉRCITO DERROTADO E OUTRO VITORIOSO, POIS MUITAS E VARIADAS SÃO AS CONTINGÊNCIAS QUE CONDICIONAM O DESFECHO. AS BELIGERÂNCIAS MAIS RECENTES ESTÃO CHEIAS DE EPISÓDIOS IMPROVÁVEIS. OS FRANCESES NA ARGÉLIA, OS AMERICANOS NO VIETNAME, OS SOVIÉTICOS NO AFEGANISTÃO, O APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL, E MAIS RECENTEMENTE OS AMERICANOS NO IRAQUE. OS POLÍTICOS PORTUGUESES DA DITADURA JULGARAM PODER RESOLVER O PROBLEMA COLONIAL COM A GUERRA, ACREDITANDO QUE COM O EXÉRCITO PORTUGUÊS SERIA DIFERENTE. COMO FOI POSSÍVEL ESQUECEREM-SE DE CONSULTAR OS MANUAIS DE HISTÓRIA?
D.JOÃO VI, TIDO COMO REI IMBECIL, PERCEBEU O QUE ACONTECERIA AO BRASIL, TENDO AO LADO OS EXÉRCITOS DE BOLÍVAR EM GUERRA COM ESPANHA PELA LIBERTAÇÃO DO CONTINENTE DO JUGO COLONIAL E APRESSOU-SE A DAR A INDEPENDÊNCIA AO MAIOR PAÍS LATINO-AMERICANO. COM ISSO EVITOU DERRAMAMENTO DE SANGUE, ÓDIOS INSANÁVEIS E DESPESAS AO ERÁRIO PÚBLICO. O DIREITO À INDEPENDÊNCIA DOS POVOS É TÃO VELHO COMO O HOMEM. SE ASSIM NÃO FOSSE, PORTUGAL NÃO EXISTIRIA COMO NAÇÃO E, APARENTEMENTE, NADA JUSTIFICARIA, EM TERMOS CULTURAIS, QUE PORTUGAL E A GALIZA SE SEPARASSEM. HOUVE UM HOMEM, UMA ELITE, QUE POR AMBIÇÃO OUSOU E SOMOS HOJE UMA NAÇÃO COM SÉCULOS DE VIDA, ORGULHOSA DA SUA HISTÓRIA, LÍNGUA E CULTURA. MAIS UMA VEZ CONTINGÊNCIAS VÁRIAS TUDO DECIDIRAM A FAVOR DO "GRITO DE GUIMARÃES".
CARO LEITOR, A HISTÓRIA COMUM DE PORTUGAL E ANGOLA TERIA SIDO ESCRITA DE MODO DIFERENTE SE SALAZAR, EM 1960, TIVESSE ACEITE RESOLVER A QUESTÃO COLONIAL DE FORMA PACÍFICA COMO PROPUNHA O MPLA. OPTOU-SE PELA GUERRA, PELO TERRÍVEL "SE" DA HISTÓRIA, EM VEZ DA NEGOCIAÇÃO INTELIGENTE. TER-SE-IA GANHO TEMPO, EVITADO MORTANDADES E ÓDIOS QUE AINDA HOJE ENVENENAM O RELACIONAMENTO DESTAS DUAS NAÇÕES.
PARA FINALIZAR, CARO DIOGO AZEVEDO, OBRIGADO, APESAR DAS SUAS CONTRADIÇÕES, PELO ELOGIO QUE FAZ AO MEU ROMANCE. ACREDITE, COMO DISSE ALGUÉM, QUE "O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO".
UM ABRAÇO DO AUTOR.