sexta-feira, 22 de junho de 2012
TESTE A IDADE DO SEU CÉREBRO
quinta-feira, 21 de junho de 2012
PEÇA NA SUA LIVRARIA
SÃO ESTES HOMENS QUE GOVERNAM O MUNDO
Justiça. Assassinato de Rosalina abre caça a rede liderada por assessor de Rockefeller
Por Carlos Diogo Santos, publicado em 20 Jun 2012
Autoridades brasileiras convencidas de que esquema de lavagem de dinheiro de antigo gestor da fortuna Feteira tem ligações à rede desmantelada e de que Duarte Lima era cliente
“Conhece a pessoa de nome Higino Thomas Roiz? Em caso positivo, quem é e qual o seu relacionamento com ele?” Esta era apenas uma das 193 questões da carta rogatória – sobre o assassinato de Rosalina Ribeiro – que, a 21 de Setembro de 2010, as autoridades brasileiras enviaram a Duarte Lima. O estranho nome que aparece na pergunta é o de um homem que os brasileiros pensam estar à frente de uma rede de branqueamento de capitais e fraude fiscal em diversos países e que em última análise poderá ter ligações ao esquema já desmantelado em Portugal pela Operação Monte Branco, o mesmo de que Duarte Lima era cliente.
Higino Roiz é um holandês que foi assessor do banqueiro norte--americano David Rockefeller e que desde a morte de Rosalina Ribeiro – a 7 de Dezembro de 2009 – passou a ser seguido de perto pelos investigadores daquele país. Segundo o i apurou, por existirem fortes suspeitas de liderar a suposta rede de branqueamento de capitais e fuga ao fisco – que se deverá estender também a Portugal –, todas as informações já recolhidas sobre ele deverão mesmo passar em breve para o departamento de informações da Receita Federal brasileira, entidade responsável pela investigação deste tipo de situações.
A ligação deste homem forte da banca norte-americana a Rosalina começou quando Lúcio Tomé Feteira, milionário português, era vivo. Na altura Higino Roiz era gestor da parte da fortuna que estava no banco Chase Manhattan. Com a morte de Lúcio, as relações com a sua companheira foram ficando cada vez mais estreitas (ver texto ao lado). Tudo foi facilitado com o facto de ele falar português e de Rosalina não conhecer qualquer outra língua.
Porém Higino surge em todo este caso por fazer parte da lista de pessoas que terão telefonado para a portuguesa poucos dias antes da sua morte. A 9 de Fevereiro de 2011, ao ser interrogado pela divisão de homicídios do Rio de Janeiro – durante cerca de duas horas e sempre em português –, este homem natural da Holanda, residente em Genebra e com casa em Ipanema, disse ter apenas um relacionamento superficial com a vítima, admitindo, no entanto, ter já estado com Domingos Duarte Lima, num evento que não conseguia precisar. Rapidamente a polícia encontrou algumas incongruências no seu discurso e apercebeu-se de que a sua relação com a vítima e com o dinheiro da herança era tudo menos superficial.
Os documentos mostram que, apesar de nem sequer balbuciar palavras soltas em qualquer outro idioma, Rosalina escrevia para os bancos em inglês a partir da sua casa no Rio de Janeiro. “Conseguimos provar que quem traduzia tudo para ela era o Higino”, adiantaram as autoridades brasileiras, sublinhando que o agora suspeito chegou a abrir uma conta em nome da vítima. A correspondência que o i revela destinava-se ao banco UBS, o mesmo que está envolvido na rede suíça liderada por Michel Canals – que também já trabalhara para este banco –, entretanto preso preventivamente em Portugal. Assim como aconteceu com Rosalina, Higino terá este tipo de relacionamento com muitos outros clientes. “Ele é o operador para a América Latina de uma empresa de gestão de fortunas. Mas pensamos que essa rede deverá ir mais além, passando por países como Portugal, Suíça, Inglaterra e, claro, Estados Unidos. Agora só os serviços de informações da Receita Federal poderão ter uma noção mais exacta da sua dimensão e daquilo que está em jogo”, concluiu.
O i confrontou Higino Thomas Roiz, que após ter atendido a chamada em português, e ao aperceber-se de que não se tratava de ninguém conhecido, recusou, sempre em inglês, fazer qualquer declaração
O QUE FALTA FAZER EM PORTUGAL PARA "ACABAR" COM A CRISE
Samaras anuncia redução de 30% nos salários dos ministros
Por Agência Lusa, publicado em 21 Jun 2012 - iINFORMAÇÃO
O primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, anunciou hoje um “corte imediato” de 30 por cento nos salários de todos os ministros e disse que vai “limitar ao mínimo” a utilização dos veículos do Estado.
Na primeira reunião do novo executivo de coligação tripartido, que hoje tomou posse, o líder conservador da Nova Democracia (ND) revelou ainda que vai impedir que as televisões promovam a cobertura das reuniões do conselho de ministros.
“Sei que todos nós temos as melhores intenções. Mas não estou interessado nas intenções. Estou interessado no trabalho, nos resultados”, afirmou perante a equipa de 18 ministros.
“Hoje, dentro e fora da Grécia, todas as atenções estão concentradas sobre nós. Esperam muito de nós. Pela primeira vez em algum tempo, fomentámos a esperança e não devemos trair as expetativas dos que investiram em nós”, referiu ainda na primeira reunião do gabinete.
Numa referência específica à sua equipa, advertiu que “não existe estado de graça".
"Temos de mostrar trabalho desde o primeiro minuto e é isso que vamos fazer", afirmou.
Numa declaração prévia, o executivo propõe-se ainda “reduzir a zero o défice orçamental, controlar a dívida e aplicar as reformas estruturais que o país necessita”.
O Governo integra elementos da ND de Samaras (vencedora das legislativas de 17 de junho mas sem maioria absoluta), independentes próximos do Partido Socialista (Pasok) e garante ainda o apoio parlamentar da coligação Esquerda Democrática (Dimar, centristas).
Dos 18 ministros do executivo, 13 pertencem ao partido conservador, cinco são tecnocratas independentes sugeridos pelos dois restantes parceiros (Pasok e Dimar). A equipa integra apenas uma mulher, a titular do Turismo, Olga Kefaloyanni, militante da ND.
Entre os responsáveis ministeriais que vão garantir maior projeção internacional destacam-se Vassilis Rapanos, presidente do maior banco do país, próximo do Pasok e que vai ocupar a pasta das Finanças na qualidade de independente, e o chefe da diplomacia, Dimitris Avramopoulos, membro da ND.
No total, incluindo vice-ministros e outros cargos, o executivo integra 38 elementos, menos dez em comparação com o anterior governo de coligação ND-Pasok, dirigido pelo tecnocrata Lucas Papademos.
OS AVISOS DO FMI A PORTUGAL
FMI: Reformas e cortes de salários não chegam para Portugal crescer
Por Bruno Faria Lopes, publicado em 20 Jun 2012 -
Técnicos avisam que sem acção imediata o efeito das reformas estruturais pode ser anulado pelo ambiente recessivo. Corte na TSU volta a ser recomendado
A estratégia de desvalorização interna de salários e de preços defendida pelo governo e pela Comissão Europeia não é suficiente para restaurar a competitividade externa de um país periférico da zona euro como Portugal, avisa uma equipa de técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) num relatório publicado esta semana. Os especialistas avisam ainda que as reformas estruturais – nas quais, a par da desvalorização interna, o governo e a troika depositam esperanças para relançar o crescimento da economia – levarão anos a ter efeito e que num ambiente fortemente recessivo, como o português, podem mesmo não funcionar.
“Embora haja prova substancial dos benefícios a longo prazo, os ganhos imediatos com as reformas não estão totalmente percebidos e é pouco provável que sejam muito grandes”, aponta o estudo “Fostering Growth in Europe now” [Promover o Crescimento na Europa agora]. “Uma das ameaças claras é que num ambiente de fraca procura agregada, as medidas e reformas do lado da oferta falhem na impulsão da economia, deixando parte da Europa num período de estagnação prolongada”, acrescenta o texto assinado por três economistas do FMI.
O documento publicado segunda-feira à noite pelo Fundo confirma uma cisão nas visões dos membros da troika para as economias do Sul da Europa, como Portugal. A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (e o governo) põem o foco na austeridade, na desvalorização interna (corte de salários e preços para compensar a impossibilidade de uma desvalorização cambial) e no efeito a prazo de reformas estruturais, como a flexibilização das leis do trabalho ou os cortes nas rendas excessivas de sectores como a energia.
O FMI defende o valor das reformas estruturais – citando estudos que dão conta de efeitos anuais superiores a 1,7% do PIB –, mas avisa que estas podem levar a um efeito recessivo a curto prazo, somado ao das medidas de austeridade. “Baseados num estudo empírico percebemos que o desemprego pode subir temporariamente depois de implementadas as reformas do mercado de trabalho”, lê-se no documento, que noutra passagem refere “custos sociais potencialmente altos”.
O ambiente recessivo criado – queda da actividade, desemprego alto, flutuações cíclicas – tem por sua vez potencial para comprometer o início e a amplitude do efeito positivo das reformas estruturais, abrindo a porta a uma estagnação prolongada, que desgasta o apoio social e político à consolidação orçamental e às reformas mais duras.
Os técnicos do FMI insistem que o mais importante a curto prazo é “impulsionar o crescimento do produto” e da procura, aumentando ainda a empregabilidade (voltando, para isso, a mexer nas leis laborais – ver texto ao lado). A receita da troika assenta em primeiro lugar na desvalorização salarial e de preços – para aumentar a competitividade das exportações –, mas a análise do Fundo mostra as dúvidas sobre o impacto isolado deste rumo.
“São precisos vários factores para uma desvalorização interna fechar o fosso de competitividade, a maior parte dos quais não está presente nos países do Sul na zona euro”, realça o estudo do FMI, citando a falta de flexibilidade dos mercados (laboral e de produto) e a ausência de margem para usar a política orçamental como almofada de suavização do choque social causado pelo choque das reformas.
O Fundo propõe várias almofadas temporárias para reavivar a economia. A primeira recupera a medida originalmente proposta no início do programa português, mal-amada pela Comissão Europeia (devido ao risco para a meta do défice) e rejeitada pelo governo de Passos Coelho: o corte nas contribuições sociais suportadas pelos empregadores (taxa social única, ou TSU), compensado por uma subida do IVA. O documento refere especificamente o exemplo português, com um impacto entre 0,2% e 0,6% nas exportações decorrente de um corte na TSU equivalente a 1% do PIB.
Alemanha tem de gastar mais.
Além das medidas a tomar em Lisboa – que não anulam a necessidade de corrigir as contas públicas –, os economistas do FMI avisam a Europa de que o esforço do ajustamento de países como Portugal poderia ser muito facilitado por uma política expansionista no Norte da Europa.
“O crescimento a curto prazo precisa de uma procura (idealmente privada) interna mais robusta no Norte e procura externa mais firme no Sul”, aponta o estudo. “Norte” significa sobretudo Alemanha, a maior economia da zona euro, onde o caminho expansionista não tem muitos adeptos, apesar dos sinais recentes de subidas mais amplas dos salários e de maior tolerância na inflação. “Não são sinais de uma mudança na política alemã, mas das condições actuais de baixo desemprego”, diz ao i Torsten Schmidt, investigador do think tank alemão RWI, em Colónia.
“O crescimento a curto prazo precisa de uma procura (idealmente privada) interna mais robusta no Norte e procura externa mais firme no Sul”, aponta o estudo. “Norte” significa sobretudo Alemanha, a maior economia da zona euro, onde o caminho expansionista não tem muitos adeptos, apesar dos sinais recentes de subidas mais amplas dos salários e de maior tolerância na inflação. “Não são sinais de uma mudança na política alemã, mas das condições actuais de baixo desemprego”, diz ao i Torsten Schmidt, investigador do think tank alemão RWI, em Colónia.
SOU DA GERAÇÃO DO BASTA
Walid El Sayed - Sou da geração do basta
JÁ AQUI COLOCAMOS ESTE APELO MAS CONVÉM RECORDÁ-LO NESTE TEMPO DE EUFORIA FUTEBOLÍSTICA
JÁ AQUI COLOCAMOS ESTE APELO MAS CONVÉM RECORDÁ-LO NESTE TEMPO DE EUFORIA FUTEBOLÍSTICA
terça-feira, 19 de junho de 2012
FEDERALISMO NA EUROPA?
Como querem pensar em federalismo?
por PEDRO TADEU
por PEDRO TADEU
Diário de Notícias
Já me juraram ter sido muito bom a Nova Democracia ganhar as eleições na Grécia. Já me tentaram convencer de que foi péssimo o Syriza não ter obtido a maioria. Como não sou adivinho, como não me atrevo a prever o que se vai passar na Grécia, como espero que os gregos tenham uma ideia melhor sobre isso do que eu, resta-me aprender com a experiência do passado, para perceber melhor como funciona esta Europa, de que somos sócios.
E o passado ensinou-me que na União Europeia nenhum país pode arriscar eleger um governo que ponha em causa o grande poder centrão, tecnocrata e burocrático que dirige há 60 anos, desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, as políticas comuns que nos empurraram para este lamaçal económico.
Se há a mínima hipótese de alguém chegar ao poder no seu país que se coloque fora do arco político tido como aceitável para pisar as alcatifas do edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, movimenta-se imediatamente uma tremenda força de solidariedade europeia.
Sim, ela existe, a solidariedade da União não ajuda os povos dos países em dificuldades, não procura soluções de pagamento de dívida soberana ou de redução de défice público com impacto reduzido na qualidade de vida dos cidadãos, não. A solidariedade da União existe para liquidar politicamente, à nascença, qualquer hipótese de pôr em causa o caminho que foi seguido, ameaçando, chantageando, humilhando, condicionando e, sobretudo, decidindo com as troikas do momento, sem qualquer tipo de suporte democrático sério.
Pode esta constatação ensinar--nos algo sobre o futuro? Pelo menos põe em causa um caminho que muitos, à esquerda e à direita, vêm defendendo como sendo o que pode salvar o euro e a Europa: o federalismo, o reforço da união política que permita criar mecanismos de representatividade democrática, capazes de caucionar concessões de soberania ao poder central europeu que passaria, em matérias orçamentais, financeiras, fiscais, de defesa e outras, a funcionar com um governo comum.
Imagino, no entanto, o que se passaria nessa Europa, unida politicamente, se algum dos Estados federados elegesse para o seu governo local um movimento político que não interpretasse, dentro do cânone conformado, o hino uníssono europeu. Se agora foram as ameaças, o que se passaria então? A invasão pela Guarda Civil?
Toda esta experiência, sobretudo a dos dois últimos anos, só me faz ter cada vez mais medo (sim, medo!) do que poderá ser uma Europa federada, comandada pelos senhores de sempre.
Já me juraram ter sido muito bom a Nova Democracia ganhar as eleições na Grécia. Já me tentaram convencer de que foi péssimo o Syriza não ter obtido a maioria. Como não sou adivinho, como não me atrevo a prever o que se vai passar na Grécia, como espero que os gregos tenham uma ideia melhor sobre isso do que eu, resta-me aprender com a experiência do passado, para perceber melhor como funciona esta Europa, de que somos sócios.
E o passado ensinou-me que na União Europeia nenhum país pode arriscar eleger um governo que ponha em causa o grande poder centrão, tecnocrata e burocrático que dirige há 60 anos, desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, as políticas comuns que nos empurraram para este lamaçal económico.
Se há a mínima hipótese de alguém chegar ao poder no seu país que se coloque fora do arco político tido como aceitável para pisar as alcatifas do edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, movimenta-se imediatamente uma tremenda força de solidariedade europeia.
Sim, ela existe, a solidariedade da União não ajuda os povos dos países em dificuldades, não procura soluções de pagamento de dívida soberana ou de redução de défice público com impacto reduzido na qualidade de vida dos cidadãos, não. A solidariedade da União existe para liquidar politicamente, à nascença, qualquer hipótese de pôr em causa o caminho que foi seguido, ameaçando, chantageando, humilhando, condicionando e, sobretudo, decidindo com as troikas do momento, sem qualquer tipo de suporte democrático sério.
Pode esta constatação ensinar--nos algo sobre o futuro? Pelo menos põe em causa um caminho que muitos, à esquerda e à direita, vêm defendendo como sendo o que pode salvar o euro e a Europa: o federalismo, o reforço da união política que permita criar mecanismos de representatividade democrática, capazes de caucionar concessões de soberania ao poder central europeu que passaria, em matérias orçamentais, financeiras, fiscais, de defesa e outras, a funcionar com um governo comum.
Imagino, no entanto, o que se passaria nessa Europa, unida politicamente, se algum dos Estados federados elegesse para o seu governo local um movimento político que não interpretasse, dentro do cânone conformado, o hino uníssono europeu. Se agora foram as ameaças, o que se passaria então? A invasão pela Guarda Civil?
Toda esta experiência, sobretudo a dos dois últimos anos, só me faz ter cada vez mais medo (sim, medo!) do que poderá ser uma Europa federada, comandada pelos senhores de sempre.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
OBAMA - NUM PAÍS DE EMIGRANTES UMA LEI DIGNA
Uma lei bela como golo nosso
por FERREIRA FERNANDES
Arrumadas que ficaram as coisas ontem - do euro (Grécia e França com governos para governarem) e do Euro (Portugal seguindo) -, passemos a outro assunto. Talvez menos mediático que os atrás citados, mas ao contrário desses, que só ficam arrumados até ver (aos governos grego e francês ainda lhes falta quase tudo, tal como à equipa portuguesa), o assunto que aqui trago é essencial e histórico - moral. Conhecem vagabundos nas ruas de São Miguel, Açores, que falam americano entre si e carregam os olhares mais perdidos de Portugal? Sim, desses miseráveis sem casa e, sobretudo, sem 'home', o lar, a sua rua, os seus, de que foram desapossados pela estupidez da lei. Chamam-lhes repatriados, que é palavra errada porque eles foram é desapossados da sua pátria, a América, onde chegaram bebés ou ganapos, andaram nas escolas de Fall River ou New Bedford, esqueceram-se de pedir a papelada americana e aos 18, apanhados a conduzir sem carta um Chevy, descobriram-se estrangeiros e foram expulsos para umas ilhas do outro mundo. Sem retorno. Pois Obama acaba de fazer uma lei digna de um país de imigrantes: quem chegou à América criança não pode ser deportado. Claro, os direitolas vão atirar-se a Obama. Tal como os esquerdalhos nunca perceberam como foi um republicano e conservador, o general Eisenhower, que acabou com a segregação racial nas escolas. Obama e Eisenhower, esses, perceberam que a política é moral ou não
por FERREIRA FERNANDES
Arrumadas que ficaram as coisas ontem - do euro (Grécia e França com governos para governarem) e do Euro (Portugal seguindo) -, passemos a outro assunto. Talvez menos mediático que os atrás citados, mas ao contrário desses, que só ficam arrumados até ver (aos governos grego e francês ainda lhes falta quase tudo, tal como à equipa portuguesa), o assunto que aqui trago é essencial e histórico - moral. Conhecem vagabundos nas ruas de São Miguel, Açores, que falam americano entre si e carregam os olhares mais perdidos de Portugal? Sim, desses miseráveis sem casa e, sobretudo, sem 'home', o lar, a sua rua, os seus, de que foram desapossados pela estupidez da lei. Chamam-lhes repatriados, que é palavra errada porque eles foram é desapossados da sua pátria, a América, onde chegaram bebés ou ganapos, andaram nas escolas de Fall River ou New Bedford, esqueceram-se de pedir a papelada americana e aos 18, apanhados a conduzir sem carta um Chevy, descobriram-se estrangeiros e foram expulsos para umas ilhas do outro mundo. Sem retorno. Pois Obama acaba de fazer uma lei digna de um país de imigrantes: quem chegou à América criança não pode ser deportado. Claro, os direitolas vão atirar-se a Obama. Tal como os esquerdalhos nunca perceberam como foi um republicano e conservador, o general Eisenhower, que acabou com a segregação racial nas escolas. Obama e Eisenhower, esses, perceberam que a política é moral ou não
O DIA SEGUINTE
O dia seguinte
por VIRIATO SOROMENHO MARQUES
diário de notícias 18-06-2012
Imaginemos o que teria acontecido em Outubro de 1962, durante a crise dos mísseis de Cuba, se Kennedy e Krutchev tivessem imposto a lógica de "salvar a face" ao critério da salvação do interesse público, que é o coração da grande política? A humanidade não foi destruída por uma devastadora guerra atómica porque os dirigentes dos EUA e da ex-URSS perceberam que a política deve ser sempre a arte do compromisso, se o que estiver em causa for salvar a vida, a propriedade e o sonho de um futuro digno do maior número possível de pessoas. O dia seguinte mais importante, depois destas eleições gregas, não é o que ditará a formação com sucesso dum governo fiel à disciplina da troika. O dia a seguir que importa é aquele em que em Berlim e Bruxelas tombe o véu da crispação, e seja visível que o que está em causa não é "salvar a face" perante um povo que recusa continuar a engolir a cicuta de uma austeridade irracional, mas sim garantir o direito ao futuro, com paz e prosperidade, de 500 milhões de europeus habitando nos 27 países da União Europeia. Ou todos perderemos, e a Europa recua da civilização à barbárie. Ou todos venceremos, e seremos capazes de construir uma Europa federal, como comunidade de destino.
Imaginemos o que teria acontecido em Outubro de 1962, durante a crise dos mísseis de Cuba, se Kennedy e Krutchev tivessem imposto a lógica de "salvar a face" ao critério da salvação do interesse público, que é o coração da grande política? A humanidade não foi destruída por uma devastadora guerra atómica porque os dirigentes dos EUA e da ex-URSS perceberam que a política deve ser sempre a arte do compromisso, se o que estiver em causa for salvar a vida, a propriedade e o sonho de um futuro digno do maior número possível de pessoas. O dia seguinte mais importante, depois destas eleições gregas, não é o que ditará a formação com sucesso dum governo fiel à disciplina da troika. O dia a seguir que importa é aquele em que em Berlim e Bruxelas tombe o véu da crispação, e seja visível que o que está em causa não é "salvar a face" perante um povo que recusa continuar a engolir a cicuta de uma austeridade irracional, mas sim garantir o direito ao futuro, com paz e prosperidade, de 500 milhões de europeus habitando nos 27 países da União Europeia. Ou todos perderemos, e a Europa recua da civilização à barbárie. Ou todos venceremos, e seremos capazes de construir uma Europa federal, como comunidade de destino.
RECORDAR ANGOLA: PAULO SALVADOR E O EX-EMBAIXADOR JOSÉ DUARTE JESUS
Um ex-embaixador que deve ter sido dos poucos diplomatas exilados de Portugal enquanto ainda membro do governo. Uma história do tempo de Marcelo Caetano. Ele esteve no Congo, no Zaire e em vários outros países. Ao fim de anos de investigação ele descobriu uma organização secreta, fascista, que operava em Portugal e no Mundo, com o apoio de Salazar, com o intuito de acabar com o comunismo: a Aginter Press. Espiões estrangeiros que tiveram participação em Angola e Moçambique, com suspeitas de envolvimento na morte do líder da Frelimo, Eduardo Mondlane. Confissões e histórias de um homem que mergulhou em África e na sua história.
--
Paulo Salvador
Jornalista TVI
site : www.recordarangola.com